A pergunta integral é a seguinte:
Segundo as tradições judaicas, Jesus entra em Jerusalém montado num burrinho durante as comemorações de Sucot, no dia 15 de Tishrei (setembro), ou seja, 7 meses antes de sua crucifixão e não 7 dias como fixado pela igreja católica. Gostaria de saber a respeito dessa afirmativa e as possíveis fontes de verificação.
A tradição cristã coloca desde sempre a entrada de Jesus em Jerusalém como início da paixão de Cristo, que celebramos no domingo que abre a semana santa, 8 dias antes da Páscoa, chamado tradicionalmente “Domingos de Ramos”. Esse evento aparece nos 4 evangelhos. Em relação aos “ramos” há algumas diferenças nos textos: Mateus e Marcos falam que a multidão aclamava Jesus com ramos de árvores; Lucas não menciona nada e João fala de folhas de palmeiras (Mateus 21,1-9; Marcos 11,1-10; Lucas 19,30-38; João 12,12-16).
Sucot, festa das cabanas
A sua pergunta menciona essa festa importante para o povo judeu, celebrada no tempo de Cristo e ainda hoje. Essa festa lembra a vida do povo hebreu no deserto, os 40 anos no tempo de Moisés, no Êxodo do Egito, quando o povo vivia em cabanas. No tempo de Cristo, os judeus a celebravam fazendo uma peregrinação a Jerusalém. Chegavam na cidade santa em procissão. Levavam nas mãos um maço, chamado lulav, com ramos de três plantas: palmeira, símbolo da fé; mirto, símbolo da oração que se eleva aos céus; e o salgueiro, cuja forma da folha lembra a boca fechada dos fiéis, em silêncio diante de Deus (veja Levíticos 23,40).
A procissão dos peregrinos era acompanhada pelas invocações de salvação (hosana, em hebraico hoshana), como uma celebração da libertação da escravidão do Egito.
Conforme a tradição judaica, o Messias se manifestaria exatamente durante essa festa.
Jesus se manifesta como Messias e entra em Jerusalém montado numa burra. Não vem com um cavalo, que é o símbolo do poder tradicional de então. Aclamado como se fazia com os reis, Jesus entra em Jerusalém com humildade e mansidão.
Sucot ou Pásqua?
Os judeus celebram, como você mencionou, a festa de Sucot em setembro ou outubro e a Páscoa (Saída do Egito - Passagem), em março ou abril. São festas com datas variáveis, como é acontece com a Páscoa cristã. Embora o contexto teológico da entrada de Jesus em Jerusalém seja evidentemente aquele da festa de Sucot, foi sempre ligada ao mistério da sua Morte e Ressurreição, a Páscoa cristã. Não tem a ver com uma imposição “católica”, mas com uma leitura dos eventos feitas pelos cristãos desde o começo da vida cristã, já pelos autores sagrados.