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1. A autoridade de Jesus
A «autoridade» divina de Jesus constitui-se também em outro tema que o caracteriza dentro de Lc 4,16-30. Autoridade que criou a primeira impressão sobre a sua identidade no povo presente na sinagoga (4,20.22) conforme observamos no primeiro capítulo do presente livro. Depois que Jesus entra sozinho na sinagoga e revela com autoridade sua identidade (4,18a; cf. Is 61,1), ensinando que é o cumprimento da Escritura (4,21), os seus o testemunham e admiram de suas palavras. O fato de que Jesus passa no meio dos seus adversários e segue seu caminho (4,30) depois de convocar os seus a deixar de querer privilégios (4,28-29), também, realça a sua autoridade.
A origem da autoridade de Jesus está na sua relação única com Deus que, já no Templo o chama de Pai (2,49). Relação presente também em sua identidade como Messias que possui o seu Espírito (4,18a) e como seu Filho bem-amado (3,22b). Assim sendo, o seu poder de agir e o seu modo de se expressar são próprios do Messias e Filho de Deus.
A «autoridade» de Jesus presente dentro da perícope em questão (vv.16.18-19.21.24-27.30) é também freqüente ao longo do Evangelho de Lucas.
Jesus realiza seu ministério público ao longo do Evangelho de Lucas por meio de sua autoridade. Diante da mesma, duas reações são constatadas: seus adversários se sentem ofendidos e ameaçados e seus discípulos impressionados. As ações e o ensinamento de Jesus exercidos com autoridade messiânica durante o exercício de seu ministério, provocam a controvérsia ou conflito com os líderes religiosos de seu tempo. Os seguidores, amigos e antagonistas de Jesus são atraídos por causa de sua autoridade que faz com que sua fama como pessoa seja conhecida por toda parte.
Jesus revela sua autoridade messiânica dentro da referida perícope por meio de suas ações e palavras. Assim sendo, além de nos concentrarmos nos momentos onde ele demonstra sua autoridade por meio de palavras e ações em nosso texto e ao longo do Evangelho, acenaremos ainda sobre outros aspectos de sua vida pública, principalmente seus milagres. Em seguida, verificaremos a autoridade com a qual ele perdoa os pecados (5,17-26), bem como a reação dos que estão presentes, principalmente os fariseus e escribas. Por fim, constataremos como seus adversários indispostos a mudar de mentalidade, questionam sobre a origem ou fonte de sua autoridade.

1.1. Jesus exerce sua autoridade em palavras e ações

A «autoridade» de Jesus ocorre de modo implícito pelo menos em dois momentos na perícope em questão (4,16-30). A mesma está presente dentro de um contexto de ensinamento (vv.18-19.21.24-27), bem como de ação (vv.16.30).
Lucas não diz explicitamente se Jesus ensinava pois já o fizera anteriormente (4,15). Contudo, o conteúdo de tal ensinamento é revelado por ele mesmo. O seu modo de agir e expressar-se com autoridade divina provocam, inicialmente, uma reação de acolhida (4,22; cf. v.20) a qual se transforma em rejeição (vv.28-29; cf. 30), por causa de seu convite a uma fé autêntica (vv.24-27). Uma vez que a perícope em questão coloca em evidência a autoridade sobrenatural de Jesus por meio de palavras e ações, a mesma se torna programática para o Evangelho de Lucas. O fato de que tal autoridade é comprovada por meio de palavras que não estão separadas das ações caracteriza a pessoa de Jesus.

1.1.1 Ao ensinar

Podemos constatar a alusão à autoridade de Jesus em Lucas, mesmo antes da perícope em questão (4,16-30). Quando Jesus tinha apenas doze anos seus pais vão a Jerusalém para a festa da Páscoa, o que faziam todos os anos (2,41-52). Uma vez tendo subido a Jerusalém, o menino Jesus se perde e é encontrado entre os doutores ouvindo-os e interrogando-os (2,43.46), os quais ficam extasiados com a sua inteligência e as suas respostas (v.47). A resposta de Jesus aos seus pais que o procuravam aflitos (v.48) nos faz constatar uma autoridade não apenas humana mas também de caráter sobrenatural: «por que me procuráveis? Não sabeis que devo estar na casa de meu Pai?» (2,49). Durante as tentações (4,1-13), Jesus também demonstra sua autoridade de Filho de Deus, tendo-o como único alimento (v.4), estando disposto a adorá-lo, prestar culto somente a ele (v.8) e não tentá-lo (v.12).
Em seguida, a autoridade de Jesus se mostra durante o seu ensinamento na inauguração de seu ministério público. Segundo Lucas, Jesus começa o mesmo voltando para a Galiléia, sendo impulsionado pelo Espírito Santo, e sua fama se espalha por toda a região circunvizinha (4,14). Neste seu peregrinar ele ensinava nas sinagogas e era louvado por todos (v.15).
Logo após, Lucas insere em sua narrativa a perícope em questão (4,16-30). A mesma é caracterizada pela presença e manifestação da autoridade de Jesus durante seu ensinamento, seja quando ele é acolhido com fé pelos seus, seja quando é rejeitado pela indisposição dos mesmos em mudar de mentalidade. Em Lucas, de um modo geral, os termos «ensinamento» e «autoridade» são reservados somente para Jesus. Os seus discípulos, uma vez enviados, também agem com autoridade. Uma vez que em nosso texto o ensinamento com autoridade de Jesus indica um caráter programático, de agora em diante seu ensinamento será sempre realizado com «autoridade ou poder». Mas se a sua ação de ensinar com autoridade provoca a admiração do povo , a mesma revela ao longo de seu ministério um imenso conflito com seus adversários.
Jesus, ao contrário dos profetas do AT, introduz sua mensagem dizendo: «em verdade eu vos digo» . Trata-se de uma declaração solene que indica uma linguagem cristológica implícita proferida com autoridade. O comandamento de Jesus a «ouvir» ou «escutar» seu ensinamento também indica sua autoridade (cf 8,8).
Assim sendo, o ensinamento e discurso de Jesus são marcados pela sua autoridade divina que inicialmente é motivo de admiração para muitos: o povo presente na sinagoga (4,22; 5,26); as multidões fora (8,4); os discípulos em particular (18,26) ou os que se encontram dentro do Templo (19,48). Mas mesmo que seus adversários inicialmente se disponham em acreditar na sua autoridade messiânica (4,22; 5,26), depois que ele os convida a uma mudança de comportamento, eles passam a rejeitá-lo (4,28-29; 6,11; 11,53-54; 20,19).

1.1.2. Ao libertar os oprimidos

Depois de verificarmos como a autoridade divina de Jesus é constatada por meio de suas palavras e ações em 4,16-30 e exposto sobre sua ocorrência ao longo de seu ministério de ensinar, refletiremos sobre a presença da mesma na sua ação de libertar os oprimidos («exorcizar»). O modo como os espíritos impuros se comportam diante de sua ação torna ainda mais evidente a sua autoridade messiânica.
Jesus, na perícope em questão (4,16-30), revela que foi ungido para dar aos seus os benefícios messiânicos e que um destes benefícios consiste em libertar os que estão oprimidos (v.18c). Ao longo do seu ministério público ele começa a colocar em prática seu ensinamento. Em Cafarnaum, por exemplo, a autoridade de Jesus foi desafiada por meio do poder do mal (4,31-37). Mas ele transforma suas palavras em ações, expulsando o espírito impuro do homem possesso e restabelecendo sua saúde, demonstrando sua autoridade e poder messiânico (4,31-37). Sua ação, sem o uso normal de técnicas de exorcismo, provoca um resultado positivo imediato (v.35b), bem como a reação dos presentes (v.36). Jesus indica com sua ação que o Reino de Deus começa a se fazer presente no mundo (cf. 4,19). E ele, por meio de sua autoridade messiânica, dá a seus discípulos a mesma autoridade sobre os espíritos impuros ou demônios (9,1). Autoridade que consiste em um importante aspecto de sua vida e de sua missão (19,12).
Do mesmo modo se verificam também outros casos semelhantes (cf. 8,26-39; 9,37-43a). Assim sendo, podemos concluir dizendo que a autoridade de Jesus não se resume somente em palavras, mas também em ações, ou melhor, em palavras que se complementam em suas ações.

1.1.3. Ao perdoar pecados (5,17-26)

A partir de agora passamos a refletir sobre um dos mais importantes aspectos da autoridade messiânica de Jesus, o qual se dá na sua missão de perdoar os pecados. O contexto propício para constatar a mesma é aquele da cura do paralítico (5,17-26). Basta comparar esta perícope com a perícope em questão (4,16-30) para verificar a proximidade das palavras e ações de Jesus. Em tal comparação também se constata a demonstração de sua autoridade por meio de palavras e ações . Com efeito, a autoridade de Jesus em proclamar a todos os presentes na sinagoga de Nazaré, por meio de palavras, que ele é o Messias, o qual foi ungido no Batismo por meio do Espírito Santo e enviado para beneficiar o seu povo (4,18-19), é confirmada através da ação realizada logo a seguir (5,20.24).
Lucas narra pelos menos cinco histórias de conflitos entre Jesus e seus adversários (5,17"“6,11). A perícope que trata sobre a cura do paralítico é a primeira dentre estas e indica que o conflito está para iniciar apesar da admiração de seus adversários diante do perdão dado e cura realizada por Jesus (cf. 5,26). Em tais histórias de conflitos se constata a autoridade de Jesus, bem como a indisposição inicial dos líderes judaicos em mudar de vida (cf. 4,28-29).
Achando-se em uma casa em Cafarnaum Jesus viu quatro homens que, após terem retirado as telhas do teto, descem um paralítico em um catre colocando-o diante dele pois não encontraram uma outra forma de fazê-lo por causa multidão. E é a fé deles que chama a atenção de Jesus e provoca seu comandamento: «homem, teus pecados ti estão perdoados» (5,21). A autoridade de Jesus ao pronunciar tal declaração é evidente. A mesma é colocada em evidência por meio do verbo «disse». Já o perfeito, passivo («estão perdoados»), nos faz constatar a ação de perdoar pecados cumprida no passado por Deus, agora atualizada por meio de seu Ungido. Ação essa que, de acordo com o tempo verbal (perfeito), tem um valor duradouro. Assim sendo, o perdão de Deus concedido por meio de seu Filho consiste num fato sempre atual.
Contudo, os fariseus e doutores da Lei, vindos de todas as aldeias da Galiléia, da Judéia e de Jerusalém que se achavam ali sentados (cf. 5,17), presenciando o fato começam a «raciocinar» sobre a autoridade de perdoar pecados de Jesus (5,21; cf. 11,15). Eles acusam-no de blasfêmia por lançar mão de uma prerrogativa exclusiva de Deus no passado, de acordo com a tradição judaica, cuja pena é o apedrejamento (cf. Lv 24,15ss). Entretanto, o que eles questionavam entre si é percebido imediatamente por Jesus. A sua resposta é dada de maneira categórica e com autoridade: «para que saibais que o Filho do Homem tem o poder de perdoar pecados na terra» (5,24). Podemos notar um contraste entre os termos «poder» (v.21) e «autoridade» (v.24) . O mesmo indica que o Filho do Homem não tem somente o poder mas também a autoridade de perdoar pecados. Neste sentido, Jesus estabelece uma relação entre céu e terra ao dizer que o único que tem poder de perdoar pecados «nos céus», está presente por meio de seu Messias e Filho para perdoar pecados «na terra» (v.24).
Jesus, usando de sua autoridade divina, comanda em seguida ao paralítico: «eu te ordeno, levanta-te, toma teu leito e vai para tua casa» (5,24). Ele não somente tem o poder de perdoar os pecados do paralítico, o que faz em primeiro lugar, mas também de curá-lo, o que faz para demonstrar sua autoridade messiânica e divina. Neste sentido «é no ato da cura do paralítico que se verifica a evxousi,a de perdoar pecados».

1.2. A autoridade de Jesus em questão (20,1-8)

O ponto culminante da discussão sobre a autoridade de Jesus no Evangelho de Lucas está presente nesta quinta seção (19,28"“21,38) a qual trata especificamente sobre o seu ministério em Jerusalém. Aqui, os representantes do Sinédrio, ou seja, os chefes dos sacerdotes, os escribas e os anciãos, indispostos à mudança de mentalidade, questionam Jesus no Templo sobre a autoridade de suas ações (cf. At 4,1-22; esp. 5-7). Eles fazem duas perguntas com a intenção de saber sobre a proveniência de sua autoridade (20,2). Jesus já lhes tinha dado a resposta (cf. 4,18a; 5,24; 3,22), e invés de responder-lhes diretamente, lhes faz uma outra pergunta (20,3-4). Indispostos a mudar de vida, eles não quiseram responder (vv.5-7), sendo que Jesus também não se dispõe a esclarecer-lhes sobre a origem de sua autoridade (v.8). No fundo eles sabiam a resposta e se tivessem respondido acertadamente à pergunta de Jesus, com certeza teriam a confirmação da questão colocada. Contudo, na parábola dos vinhateiros homicidas, narrada logo em seguida (20,9-19), Jesus explica-lhes que a indisposição em mudar de vida lhes impossibilitaram de aceitar a sua autoridade divina, e por isso o expulsam para fora da vinha e o matam (20,15; cf. 4,28-29).

1.2.1. O questionamento sobre a autoridade de Jesus

Os representantes do Sinédrio, indispostos à conversão, se aproximam de Jesus, enquanto ele estava ensinando ao povo a Boa-Nova no Templo, com a finalidade de questionar-lhe sobre sua autoridade (20,1-8). O conteúdo da pergunta feita pelos seus adversários é: «com que autoridade fazes estas coisas, ou quem é que te concedeu esta autoridade?» (20,2). Estamos diante de duas perguntas diversas. A primeira coloca em questão a natureza da autoridade de Jesus. Já a segunda se preocupa em saber sobre quem lhe deu tal autoridade, ou melhor, sobre qual é a origem da mesma. A primeira questão se refere ao conflito entre a autoridade do Sinédrio sobre o Templo, e a autoridade de Jesus em fazer o que está fazendo. Já a segunda diz respeito à sua missão. No fundo as duas questões colocadas em Lc 20,2 evocam a questão cristológica fundamental sobre a pessoa de Jesus, bem como sobre sua missão. E a resposta já fora dada anteriormente, onde Jesus já tinha revelado a natureza e origem de sua autoridade messiânica (4,18a; cf. 3,22; 5,24; 19,35). Por assim ser, foi Deus que o ungiu e enviou para realizar diversas tarefas.
Por um lado, a sua missão ou as «coisas que ele faz» (cf. 20,2) diz respeito ao contexto anterior (19,45-46; cf. Jo 2,13-22), ou seja, se refere à sua ação (expulsão dos vendedores) e ensinamento cotidiano no Templo (20,47) . Por outro lado, a expressão «estas coisas» pode estar conectada com «autoridade». Neste sentido, a mesma encontra seu significado em um contexto mais amplo dentro do Evangelho de Lucas. Assim sendo, estas coisas se refeririam ao inteiro ministério de palavras e ações de Jesus, realizadas até o presente momento da narrativa. Deste modo, neste momento da narrativa lucana a conexão de «estas coisas» com «autoridade» revela o clímax a respeito da autoridade de Jesus.
Com efeito, desde o início, o conflito e ofensas entre Jesus e os líderes religiosos, tem como um dos fundamentos a sua «autoridade», a partir da qual ele convoca-os a mudar de mentalidade (cf. 4,28-29.32; 5,17"“6,11; 11,14-23; 19,45-48). Por isso eles o desafiam durante o exercício de seu ministério exercido com autoridade no Templo (19,47-48; 20,1.19; cf. 5,21; 11,15) e também o acusam e o conduzem à morte (22,1.47.54; 23,1.35; cf. 9,22; 18,31; cf. 4,28-29).

1.2.2. O modo como Jesus reage

Jesus não responde imediatamente à pergunta dos chefes dos sacerdotes, escribas e anciãos. Isto não quer dizer que ele não sabia a resposta (cf. 4,18a; 9,21; 19,40). Contudo, por meio de uma outra pergunta feita com autoridade ele procura fazer com que os mesmos confirmem a resposta que já sabiam. Sua autoridade também é constatada quando ele condiciona sua pergunta por meio da réplica deles (20,3). Por outro lado, Jesus lhes dá duas alternativas (v.4). Por fim, sua recusa em responder-lhes também confirma sua autoridade (v.8). Em relação ao batismo de João, no v.4, Jesus questiona seus adversários se o mesmo vinha do céu ou dos homens.
A atividade de João Batista foi exercida por meio de palavras e ações (3,7-18). A referência que Jesus faz ao seu batismo retoma o todo de tal atividade. A mesma pode ser resumida em duas: o seu batismo que tinha como finalidade convocar ao arrependimento para o perdão dos pecados e o testemunho que ele deu de Jesus. Estas duas atividades se entrelaçam em seu ministério como um todo.

1.2.3. O modo como as autoridades religiosas respondem

Os adversários de Jesus permaneceram em uma situação embaraçosa diante da sua pergunta. Os mesmos se encontram em um dilema, pois de um lado eles serão tidos como incrédulos se não reconhecerem a autoridade profética de João. De outro, eles são impelidos a responder a própria pergunta colocada inicialmente (20,2), reconhecendo que a sua autoridade messiânica vem de Deus (cf. 4,22; 5,26) . E os chefes dos sacerdotes, os escribas e os anciãos têm um motivo para não dar a resposta correta: não é porque não a sabem, mas porque indispostos a mudar de mentalidade, querem preservar a própria posição diante do povo (cf. 22,71). Assim sendo, eles concluem dizendo que não sabem qual é a origem do batismo de João (20,7).
Se de um lado, um dos temas da ação anterior de Jesus no Templo era o convite a uma fé mais profunda, ao mencionar o batismo de João, Jesus retoma o mesmo tema diante da pergunta de seus adversários sobre a sua autoridade. E os mesmos mostraram a indisposição em mudar de vida em dois momentos: em relação ao batismo de João e em relação à pessoa de Jesus. Isto porque questionam sobre a origem de sua autoridade. Se de uma parte os adversários de Jesus tinham demonstrado indisposição em mudar de mentalidade diante do convite de João Batista ao arrependimento, de outra, os representantes do Sinédrio fazem o mesmo diante de Jesus (cf. At 2,14-41; esp. v.38). A causa é: indecisão e insinceridade, sinais da indisposição em converter-se. O batismo de João tem sua proveniência dos céus. O próprio povo dá testemunho disso, pois estava convicto que João era um profeta. O fato de que os adversários de Jesus temem não dar testemunho do mesmo para não serem apedrejados pelo povo, também, é uma prova da indisposição deles em mudar de vida. Assim sendo, bastava reconhecer a proveniência do batismo de João para que os mesmos respondessem à própria pergunta, chegando à conclusão de que a proveniência da autoridade de Jesus só tem uma fonte. Trata-se de Deus que o ungiu por meio do Espírito Santo com a finalidade de distribuir os benefícios messiânicos.

1.2.4. O modo como Jesus responde

Jesus recusa em responder à pergunta dos representantes do Sinédrio, ou seja, dos chefes dos sacerdotes, escribas e anciãos. E tinha um motivo justo para tal: eles também não cumpriram a proposta colocada por ele. Porém, mesmo que seus adversários tenham se recusado a responder à sua pergunta, tal atitude confirma sua própria autoridade . No fundo, a resposta acertada deles, reconhecendo que o batismo de João tem proveniência do céu, confirmaria que a origem da autoridade de Jesus é Deus . Porém, não reconhecem nem uma coisa e nem outra pois sabiam que se o fizessem, de um jeito ou de outro, seriam condenados ao apedrejamento.
No contexto seguinte Jesus narra ao povo a parábola dos vinhateiros homicidas (20,9-19). Na mesma explica-lhes que depois de ser enviado com autoridade messiânica (4,18a; 3,22) para convocar os seus a crer de modo sincero (20,10; cf. 4,24-27), os líderes religiosos indispostos a dar frutos de conversão, o expulsam da vinha e o matam (20,15; cf. 4,28-29). No fundo eles queriam ser beneficiados pelo Messias somente porque queriam ser os únicos herdeiros da vinha (20,14; cf. 4,23). E como estamos diante de uma parábola, os adversários de Jesus somente não lançam a mão sobre ele para matá-lo no momento porque têm medo do povo (20,19; cf. v.6). Mas como tudo tinha sido programado por Lucas anteriormente (cf. 4,28-29), e chegado ao seu clímax neste momento (cf. 20,19) eles continuarão perseguindo-o até chegar ao ideal almejado.

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