O sábado é um dia fundamental para os judeus, nossos “irmãos maiores”. Jesus era um judeu e viveu como tal a celebração do sábado. Para nós cristãos, os valores presentes no sábado foram transferidos para o domingo, ao qual foi acrescentada a memória da ressurreição de Cristo, elemento fundante da nossa fé, como cristãos. Nós cristãos, portanto, não seguimos a observância do sábado, que é algo típico ainda hoje dos judeus, mas os valores que subsistem nessa festa são fundamentais também para nós e devemos recordá-los no domingo.
Para descobrir a importância do sábado, basta ler o Antigo Testamento e relembrar o terceiro dos 10 mandamentos, como apresentado por Êxodo 20,8-11:
Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou.
O sábado é observado por dois motivos:
- Na criação, no sétimo dia Deus fez “shabbat”, ou seja, parou de criar. Como lembra Êxodo 31,27, não só “parou”, “descansou”, mas “respirou” (nefash), isto é, emitiu o seu respiro, dando vida aos seres viventes. O repouso de Deus é, em si, um ato criativo e cabe a nós fazer memória disso, fazer como Deus.
- O segundo motivo nos é indicado no outro texto que fala do decálogo, especificamente Deuteronômio 5,12-15. O sábado é guardado, segundo esse texto, porque o Senhor libertou o povo do Egito. Deus repousou, mas interveio na história concreta do seu povo, libertando-o da escravidão. Guardar o sábado para os judeus é um momento de recordar da liberdade, da própria ‘soberania’ sobre tudo aquilo que apresenta possibilidade de escravizar o ser humano. Por isso é necessário parar de fazer todos os trabalhos dos servos, parar de fazer tudo aquilo que manifesta a necessidade e o limite do ser humano. É o momento no qual não se submete às ‘leis’ que inclusive são necessárias para a sobrevivência, para apreciar e experimentar a semelhança com Deus.
Para ajudar na sua reflexão, leia Êxodo 20,8-11; 31,16-17; Deuteronômio 5,12-15.
No catecismo da Igreja Católica lemos no número 2173:
O Evangelho relata numerosos incidentes em que Jesus é acusado de violar a lei do sábado. Mas Jesus nunca viola a santidade deste dia (86). É com autoridade que Ele dá a sua interpretação autêntica desta lei: «O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado» (Mc 2, 27). Cheio de compaixão, Cristo autoriza-Se, em dia de sábado, a fazer o bem em vez do mal, a salvar uma vida antes que perdê-la (87). O sábado é o dia do Senhor das misericórdias e da honra de Deus (88). «O Filho do Homem é Senhor do próprio sábado» (Mc 2, 28).