A ressurreição de Lázaro, elemento que aparece somente no quarto Evangelho, é um dos milagres de Jesus apresentado em João 11, o último. Portanto, a resposta à sua pergunta é afirmativa. É claro que uma pergunta assim importante merece mais do que um simples “sim” ou “não”. Pois, de fato, esse milagre é particular e objeto de tantas reflexões. Aceno aqui abaixo a apenas alguns elementos. Se você um comentário do evangelho de João, certamente encontrará outras perspectivas que lhe ajudarão.
Aquilo que mais me chama a atenção nesse relato é que Lázaro é completamente passivo. Esperaríamos que, tendo tornado em vida, abraçasse a Jesus, agradecesse, falasse, etc. Mas não diz uma palavra, não faz nem sequer um gesto. Isso, do meu ponto de vista, basta para identificar a intenção dessa história contada por João: visa colocar Jesus ao centro e mostrar como a ‘ressurreição’ de Lázaro é algo muito diferente da ressurreição de Jesus. De fato, a ressurreição de Lázaro não o liberta da morte, como mostra João 12,10, quando conta que os judeus decidiram matar também a Lázaro, pois por causa dele muitos judeus se afastavam e criam em Jesus. Como dizia, além de colocar Jesus ao centro, penso que essa passagem quer mostrar que a Ressurreição de Jesus é muito mais do que reanimar um cadáver. Por isso poderíamos dizer que o milagre de Lázaro funciona como uma preparação para a Cruz, onde os cristãos aprendem que vencer a morte não se trata simplesmente de uma reanimação de um cadáver, mas de algo muito mais profundo, fruto de um gesto que resgata toda pessoa, um gesto que se dá com a morte e ressurreição de Jesus, a derrota definitiva da morte.