Jesus foi perseguido porque a sua mensagem faz com que a vida das pessoas e das instituições mude. A mudança provoca desconforto e nem sempre é aceita pelo status quo, tanto de realidades políticas quanto religiosas. Não existe uma vida meramente religiosa e tão pouco meramente política; essas duas esferas humanas estão intimamente ligadas.

A mensagem de Cristo revolucionou a vida dos seus contemporâneos e deveria revolucionar também a nossa. Quem ouvia as suas palavras era convidado à conversão; não é possível permanecer igual, depois de ter ouvido o Evangelho. Um governador, como Herodes, no início da vida de Cristo, ou Pilatos, quando aconteceu a paixão de Nosso Senhor, não podia aceitar que existia um Rei que comanda a nossa vida, que diz aquilo que precisamos fazer para alcançar uma vida serena e em paz conosco mesmos e com Deus. O soberano é o centro de tudo e essa é uma característica a qual quem governava não podia renunciar.

Também os religiosos do tempo de Cristo, os judeus, foram interpelados pela mensagem de Cristo. A religião dos judeus não podia continuar a mesma depois da proclamação da Boa Nova. Para os líderes religiosos, essa proposta não foi fácil de ser aceita; as transformações sublinhadas por Jesus, muitas vezes já proclamadas pelos profetas, provocavam uma crise na vida religiosa e muitos não aceitaram isso.

 

Quem matou Jesus

Seguindo aquilo que encontramos nos evangelhos, os responsáveis pela paixão de Cristo foram diversos: foi considerado culpado de blasfêmia pelo sinédrio (Marcos 14,61-64), reato que a lei dos judeus previa a pena de morte (Levíticos 24,16). Mas o Sinédrio não tinha o poder legal de executar tal sentença, que era algo reservado ao governador romano. Pilatos, por outro lado, não teria nunca considerado válido o motivo religioso para uma condenação à morte. É por isso que a aristocracia religiosa mudou a acusação, dizendo que ele tinha sido proclamado rei dos judeus, ameaçando assim o poder romano, como demonstra a frase colocada na cruz por ordem de Pilatos. O Governador Romano parece não ter sido convencido pela acusa dos chefes religiosas, mesmo assim, para deixar contente a multidão, ordena a morte por crucificação.

Nós, cristãos, na nossa fé, afirmamos que Cristo morreu pelos pecados da humanidade (veja 1Coríntios 15,3seguintes), dando com liberdade a sua vida por amor, para dar a salvação a todos (João 15,23).