Esse pedido tem a ver com uma resposta a outra pergunta, sobre o período em que os dinossauros viveram. Na íntegra, esse foi o texto que recebemos:
Por umas de suas últimas respostas, os senhores deixaram perpassar não crerem num Adão histórico, mas num Adão simbólico, mítico ou arquetípico. Os senhores não acham que esta teologia demasiadamente crítica acaba por tornar também arquetípico o segundo Adão, Cristo? Poderiam fornecer as melhores bibliografias dos que creem num Adão histórico e dos que o enxergam como um símbolo?
Ninguém que tem uma base sólida de estudo, seja teológico que histórico, livre de ideologias fundamentalistas, sustenta a historicidade dos personagens dos primeiros capítulos da Bíblia. Portanto, em qualquer comentário sério do livro do Gênesis encontrará o autor que sublinha como naqueles capítulos se encontram elementos mitológicos que influenciaram o texto do autor sagrado que interpreta o início da vida humana e todo o criado, sob a perspectiva da fé no Deus único, o Senhor. Isso você pode ver em comentários clássicos ao livro de Gênesis (Westermann, Brueggemann, Owens, Speiser, von Rad, Hendel, Wénin, Giuntoli...). Se você quer uma bibliografia que sustenta a historicidade dos primeiros capítulos da Bíblia, deve consultar qualquer comentário antigo, fruto de reflexão que não contemplavam o progresso que se fez durante os últimos séculos, ou algum comentário pouco sério, movido por fundamentalismos infundados. Prefiro nem nomeá-los, pois são insustentáveis.
Um aspecto interessante, que encontrará muita simpatia entre tanta gente, é o seguinte comentário:
Os senhores não acham que esta teologia demasiadamente crítica acaba por tornar também arquetípico o segundo Adão, Cristo?
Uma coisa absolutamente não influencia a outra. No estudo bíblico, a primeira coisa que precisamos considerar é que cada livro, cada texto tem seu próprio contexto, sua própria natureza. Não podemos ler Gênesis 1 com os mesmos critérios que lemos os evangelhos. São diferentes estilos literários e para cada um precisamos aplicar certos parâmetros. Quando leio um romance, sei bem que estou lendo uma ficção; ao invés, quando leio uma crônica em um jornal, sei que as informações têm outra natureza. Assim também para a Bíblia: para cada livro, para cada texto, aplicamos medidas diferentes. Colocar em dúvida a historicidade de Jesus é minar a nossa fé. Isso não acontece se lemos Gênesis como "símbolo".
É importante notar que interpretar os 11 capítulos do ínicio da Bíblia como "mitológicos" não significa dizer que são falsos. Simplesmente dizemos que não "história", isto que não são eventos. Mas são verdadeiros, pois ensinam realmente o que é verdadeiro, o protagonismo de Deus.
Para uma bibliografia detalhada de estudos sobre a Bíblia, para o Antigo Testamento pode ver esse excelente artigo de Ska, professor do Instituto Bíblico.