Realmente a Peshitta, que pude consultar em italiano, em Mateus 25,1 diz literalmente:
Então símile será o Reino a 10 virgens. Elas tomaram suas lâmpadas e saíram ao encontro do esposo e da esposa.
Esse texto não aparece não só na Peshitta, mas também em poucos manuscritos em latim e mesmo em manuscritos gregos, mas são todos manuscritos de pouca importância. É provável que a tradução para o siríaco foi feito a partir de um manuscrito grego que tinha essa variante. Apesas disso, os manuscritos mais importantes de Mateus, em grego, aos quais a crítica textual atribui um peso maior, traz o texto tal como temos em nossas bíblias, onde se diz que as virgens vão ao encontro somente do esposo.
Parece certo que o texto original de Mateus traz somente esposo. “Esposa” foi acrescentada por uma questão de harmonização, pois tradicionalmente em um matrimônio se encontram tanto o esposo quanto a esposa. Mas nesse caso é evidente que se sublinha o matrimônio com Cristo e o texto tem uma forte índole simbólica, que transcende as núpcias tradicionais.
Tradução siríaca da Bíblia
A Peshitta é a tradução da Bíblia em siríaco. O Antigo Testamento foi traduzido para essa língua já no primeiro século da era cristã, enquanto o Novo Testamento, parece que no início, no tocante aos evangelhos, consistia em um livro que harmonizava os 4 Evangelhos em um único. Era chamado de diatesseron, que literalmente significa “(um evangelho) através quatro (evangelhos). Essa composição foi feita por Taciano, cerca de 150 anos depois da morte de Cristo. Esse foi o evangelho oficial na igreja siríaca, ao menos até por vota do ano 400. Em 423 o bispo Teodoreto ordenou que esse texto fosse abandonado e se adotou então também na igreja siríaca os 4 evangelhos. Esse mesmo bispo exigiu que todas as cópias do Diatesseron fossem destruídas e hoje não temos mais essa obra.