Não sabemos a razão, mas podemos interpretar já nessa consequência a lógica divina de que o serviço ao Senhor não é uma simples herança, mas uma consequência da vocação, da dedicação. Os filhos de Moisés seguiram suas próprias estradas e não trilharam a mesma do pai. Josué, por sua vez, é o protagonista na conquista da Terra Prometida.
Não é fácil apresentar um retrato sintético do sucessor de Moisés, a quem é dedicado um inteiro livro do Antigo Testamento que leva o seu nome. Deparamo-nos com ele, pela primeira vez, quando Israel combate contra o povo de Ameleque: a ele Moisés confia a guia do exército dos hebreus (Êxodo 17,9-16). O seu nome, “Deus Salva” era, já nesse momento, um símbolo de salvação (é uma variante do nome de Jesus).
A guerra foi um triunfo para Israel e daquele momento em diante Josué será ligado às conquistas militares do Povo Eleito.
Josué também se encontra ao lado de Moisés, de quem se torna “ajudante”, no Monte Sinai (Êxodo 24,13) e será o custódio da tenda santa da aliança (Êxodo 33,11). Mas o seu nome se ressalta quando se trata das primeiras batalhas de conquista da Terra Santa. De fato, Moisés anuncia a ele, de maneira triunfal, como seu sucessor: “Moisés fez o que Javé havia mandado: tomou Josué e o apresentou ao sacerdote Eleazar e a toda a comunidade. Eleazar impôs sobre ele as mãos e lhe transmitiu o cargo, conforme Javé dissera por meio de Moisés.” (Números 27,22-23).
Depois da conquista e da divisão da Terra entre as tribos, Josué vê terminada sua missão. Num discurso-testamento, presente no capítulo 23 do livro a ele intitulado, confia a Israel a tarefa de conservar a identidade religiosa. Depois, em Siquém, diante de todas as tribos, celebra um ato solene de aliança entre Israel e o Senhor. É uma página muito bonita, onde ele pronuncia o Creio Bíblico e todo o povo afirma a promessa de fidelidade ao Senhor, expressa através do verbo “servir”, repetido 14 vezes.
“Algum tempo depois morreu Josué, filho de Nun, servo de Javé, com cento e dez anos” (Josué 24,29).