É uma hipótese que tem a ver com a formação dos 5 primeiros livros da Bíblia, criada por Julius Wellhausen, há quase 150 anos. É também conhecida como hipótese das quatro fontes. Em outras palavras, o conjunto dos livros do Pentateuco (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio) teria sido formado graças a uma organização do material vindo de 4 fontes diferentes, de quatro documentos, que teriam servido como base para um redator final compor os 5 livros. Essa tese foi apresentada em 1878, no livro Geschichte Israels, mais tarde publicada sob o título Prolegomena zur Geschichte Israels (1883). Ele fez um trabalho minucioso de identificação das várias fontes que permitiram a formação final do Pentateuco, a saber, Javista, Eloísta, Sacerdotal e Deuteronomista. Essa teoria teve muito sucesso e muitos a usam até hoje, enquanto outros pensam que a questão seja mais complexa e, por outro lado, há alguns tradicionalistas que vem ainda hoje Moisés como autor desses livros.
Conforme a teoria, cada “documento” tem características próprias. A tradição javista é caracterizada pelo uso do nome Iahweh para Deus. Assim como outra tradição, a eloísta, é caracterizada pelo uso do nome Elohim para Deus. Essa forma de nominar Deus aparece nos textos em hebraico, mas quando foram traduzidos para o português, na maioria das versões, encontramos apenas Senhor ou Deus. Por exemplo, no texto em hebraico de Gênesis 1,1 - 2,4 Deus é nominado de Elohim, e na sequência, em Gn 2,5-18, Deus é nominado Iahweh. Daí deriva a conclusão de que a primeira história da criação, Gênesis 1, é do autor Eloísta, enquanto que a segunda e do autor javista.
A Tradição Sacerdotal se caracteriza pela sua origem a partir de grupos com interesses sacerdotais e legalistas, principalmente do pós-exílio. Segundo os estudiosos do tema essa tradição foi composta a partir do séc. V antes de Cristo, período do pós-exílio da Babilônia e entra em muitos pormenores a respeito do sacerdócio, sacrifício, festas e culto. Também faz uma descrição minuciosa do tabernáculo e do seu mobiliário, e uma centralização da vida do povo do antigo Israel e do culto em torno do Templo de Jerusalém. Apresenta Moisés mais como um legislador do que um Profeta Libertador. Alguns textos da Tradição sacerdotal: Gn 1,1-2,4a; 5,1-28; 6,5-9; 13,6.11ss; 16,1.3.15s; 17; 21,3-5; Ex 1,1-5.7.13s; 2,23-25; 6,2-30; 7,1-13,19s; todo o livro do Levítico; Nm 1 -10;15; Dt 32,48-52; 54,1.
O Deuteronomista, por sua vez, teria sido o documento que deu vida ao livro do Deuteronômio. É dali também que nasce a teoria da "História Deuteronomista", uma teoria que tem a ver com a composição de alguns livros bíblicos, a partir de Deuteronômio até 2Reis. Tem esse nome porque seus defensores detectam nesses livros os princípios teológicos apresentados no livro do Deuteronômio. Alguns exegetas, observando elementos repetidos e comuns no Deuteronômio e nos livros históricos, sugeriram que a composição de todo o bloco histórico da Bíblia fora realizada por um único autor ou por uma escola de autores. O grande defensor dessa teoria é Martin Noth.