Precisamos iniciar esclarecendo dois tópicos. Primeiro de tudo, não é certo que Moisés foi o primeiro escritor da Bíblia. Embora os 5 primeiros livros da Bíblia foram atribuídos, pela tradição, a ele, é improvável que os tenha escrito, visto inclusive o fato que o Deuteronômio descreve, no capítulo 34, sua morte. Quem sabe alguns textos destes livros tenham uma origem no contexto de Moisés, por exemplo algum hino ou oração vindo do seu tempo, mas os livros, em si, não são obras de Moisés.

Outro ponto que precisa ser esclarecido é em relação aos 7 livros em grego, que você menciona. Eles não foram escritos no Egito. Foram escritos por judeus de origem grega, que era uma língua amplamente falada naquela época. Muitos judeus não conheciam mais o hebraico e usavam apenas o grego. E isso acontecia em vários lugares do Império Romano, inclusive no famoso contexto de Alexandria, no Egito.

Os 7 livros são: Tobias, Judite, 1 e 2 Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico (ou Sirácide) e Baruc. Esses livros, pelo fato de não serem escritos em hebraico, não entraram na lista oficial da Bíblia Hebraica, o Antigo Testamento, a Bíblia dos judeus, definida cerca de 90 anos depois de cristo. Todavia, eles existiam na bíblia que os judeus usavam no tempo de Cristo, quando o “elenco oficial” ainda não tinha sido fixado. Os primeiros cristãos também usavam esses livros, assim como também os judeus, especialmente aqueles que falavam grego, como os do Egito. Essa versão é dita Setenta (veja aqui detalhes https://www.abiblia.org/ver.php?id=169). Todos os cristãos usaram esses livros até a Reforma, no século XVI. Foi então que Lutero decidiu deixa-los fora da sua lista e a partir desse momento não faz mais parte das bíblicas dos cristãos protestantes, embora permaneçam como canônicos para os cristãos católicos e ortodoxos.