A volta do Senhor, no ambiente teológico, é conhecida como Parusia, termo grego que significa “presença” e que aparece 4 vezes em Mateus 24. Aqui no site temos um conjunto de respostas sobre esse argumento.
Acreditamos na vinda do Senhor como um momento definitivo da história humana. Certamente esse momento já começou com sua vinda no primeiro século da nossa era, quando, com sua morte e ressurreição Cristo foi conduzido à Glória. A esperança para nós é seguir a sua estrada e alcançar a mesma Glória. É por isso que acreditamos numa segunda vinda de Cristo, aquela que estabelecerá o nosso destino, nossa meta. Ela é vista como um juízo e isso fica muito claro no capítulo de Mateus que você menciona na pergunta. Existe um juízo final, que acontecerá na segunda vinda de Cristo, quando julgará o mundo. Ele se senta no trono para julgar, como era tradição entre os reis de Israel (veja Mateus 19,28). Isso é, além de tudo, evidente graças à expressão “filho do homem” (Mateus 24,30), que relembra a profecia de Daniel 7, onde fala dAquele que vem sobre as nuvens.
O juízo final é algo revelado de maneira insistente pela Bíblia, já no Antigo Testamento (Malaquias 3,5; Salmos 1,5; 96,13; Daniel 7,10; Atos dos Apóstolos 17,31; 1Pedro 4,17; Apocalipse 14,7; 20,11-12). Esse juízo foi, no decurso da tradição religiosa de Israel e da Igreja, colocado em relação com a vinda do Senhor, com a “segunda vinda” de Cristo, a Parusia, que retoma o conceito do Antigo Testamento contido na expressão “Dia do Senhor”. Um dos aspectos característicos dessa “vinda” de Cristo é, como já dissemos, a sua missão como juiz.
Todos nós gostaríamos de saber quando isso acontecerá. Muitos seguidores de cristo, no início do cristianismo, pensavam que esse evento era eminente. E havia até quem nem sequer trabalhava mais, pensando que era inútil, vista a eminente vinda definitiva de Cristo. Gostaríamos de saber principalmente para nos encontrar preparados para a sua chegada. Mas, como ensina a parábola das virgens prudentes (Mateus 25,13), é preciso vigiar, pois não sabemos nem o dia nem a hora em que Ele virá.
Portanto, você, como cristão, precisa esperar a vinda de Cristo, lembrando que não é algo que “ameaça”, mas é uma presença que certificará a sua vida.
Para entender melhor o que significa essa “segunda vinda” de Cristo, precisamos ler Paulo, onde esse tema ganha uma importância extraordinária. Ela é vista como a coroação da obra de salvação, pois a Parusia está ligada a ressurreição dos mortos (1Tessalonicenses 4,15-17) e a recepção do corpo glorioso (1Coríntios 15,51-53; Filipenses 3,21). Paulo usa a linguagem apocalíptica para falar dessa vinda (1Tessalonicenses 4,16-17; 2Tessalonicenses 1,7-8). O termo Kyrios (Senhor) é típico desse contexto: “Parusia do Senhor”, “esperança no Senhor”, “arrebatados pelo Senhor” e “Dia do Senhor” (veja 1Tessalonicenses).
Paulo não excluía a eminente Parusia (veja 1Tessalonicenses 4,16-17), mesmo se logo em seguida (5,1), quanto ao tempo e ao prazo, recorda que “o Dia do Senhor virá como ladrão noturno”, isto é, é preciso vigilar, pois não se sabe quando o Senhor vem.
Talvez é por isso que nas outras cartas do Novo Testamento não se fala mais de “Parusia”, mas de “Epifania”, termo que significa “manifestação”, englobando tanto a vinda de Cristo na encarnação quanto a sua vinda gloriosa. Parece que a espera eminente da vinda de Jesus se transforma numa esperança escatológica (veja Tito 2,13; 1Timório 6,14; 2Timótio 4,1).
João vai falar de uma “escatologia presente”, especialmente no último capítulo do Evangelho. Mas fala também do “último dia”.
Isso demonstra como a reflexão mesmo dentro da Bíblia é em evolução. E ainda hoje nos perguntamos quando é este “último dia”, como acontecerá como chega para nós esse dia? Qual é o percurso cronológico? Existe purgatório? Quando tempo ficaremos ali, “esperando”? Não sabemos!
Pessoalmente penso que a teologia deveria fazer mais esforço na busca de respostas. Mas também tenho certeza que erramos ao pensar em categorias temporais que são típicas nossas. É verdade que não temos à disposição outras categorias e são apenas essas que podemos usar. De qualquer forma, podemos imaginar que elas não são adequadas para descrever o "tempo" depois da morte, a eternidade. Acredito que na eternidade não exista um "antes", "agora" e "depois", mas uma continuidade, uma unidade. Se assim é, é errado perguntar “quando”. Penso que o juízo divino é algo que acontece em todo momento, “aqui e agora”.