O nosso leitor fez uma pergunta bastante elaborada, que procurei sintetizar. Mas, por fidelidade, reproduzo ela aqui na íntegra:
Jesus era supersticioso ou tinha medo de falar o nome do seu pai? Se não diz o seu nome, não tem sentido ele declarar que fez com que o nome de Yehovah fosse famoso, como lemos em João 27:6,26. E qual nome devemos santificar quando se fala de Trindade: do filho, do espírito ou do pai? Tudo isso não tem sentido se Ele não usasse o nome do Pai.
Primeiro de tudo começamos dizendo que Jesus nunca usou o tetragrama, nunca pronunciou a palavra Yehovah ou Javé. E não existe nenhuma leviandade ao dizer isso. De fato, Jesus, como todo judeu do seu tempo, usava, ao invés de JAVÉ, a palavra ADONAI, que em grego se transformou em KYRIOS, ou seja, Senhor. Essa atitude de Jesus não tem nada a ver com superstição ou medo. Era simplesmente uma atitude de reverência e respeito, pois demasiado especial, sagrado e nenhum fiel pode ter a pretensão de “possuir”.
Precisamos entender que na concepção bíblica o nome indica identidade, a verdade profunda de uma pessoa. O nome é o que Deus revelou de si mesmo, o que é necessário para nós conhecê-lo e chamá-lo. Foi por isso que o esse nome foi revelado a Moisés, mas de maneira misteriosa: “eu sou aquele que sou (Êxodo 3,14). Desde esse momento, o nome divino pode ser usado para exprimir o Deus vivente, a sua presença, mas impossível de ser visto, pois “quem vê a Deus morre” (Êxodo 33,20). Quem sabe é nesse sentido que o nome divino, o Tetragrama permanece impronunciável, testemunhando como ele é apenas uma pista para identifica o nosso Deus: permite de invocá-lo, mas não de conhecê-lo plenamente e muito menos possuí-lo.
Não encontrei a passagem que você menciona na pergunta, João 27, considerando que o Evangelho do apóstolo termina no capítulo 21. De qualquer forma é evidente que a Bíblia pede que o nome do Pai seja santificado, como quotidianamente dizemos no Pai-Nosso:
Pai-Nosso, que estás nos céus, seja santificado o vosso nome...
Deus é santificado pelos fieis quando eles mostram que Deus pode se manifestar através deles: quando a luz dos fieis resplende diante dos seres humanos, aqueles que veem as boas obras dão graças ao Pai que está nos céus, ou seja, santificam o Nome de Deus.