Parece que esse nome signifique "Deus curou", tomando a palavra hebraica original "rephayah". As três últimas letras, muito comuns em vários nomes próprios na Bíblia, remetem a "Deus", YHWH. A outra parte do nome vem do verbo "rafa", curar.

Existem, na Bíblia, 5 pessoas com esse nome:

  1. alguém da família de Davi (1Crônicas 3,21)
  2. alguém da tribo de simeão (1Crônicas 4,42)
  3. um filho de Issacar (1Crônicas 7,2)
  4. descendente de Saul (1Crônicas 9,43)
  5. uma pessoa do pós-exílio (Neemias 3,9)

 

Nome na Bíblia

Na Bíblia e na linguagem semítica em geral, que é a linguagem da Bíblia, o nome tem uma importância muito grande, pois ele indica a realidade da pessoa, a sua constituição, a sua essência (veja 1Samuel 25,25: "não dê, o meu senhor, atenção àquele homem grosseiro que é Nabal, nome que lhe vai bem"). Nós, ocidentais, costumamos dizer que as pessoas têm um nome. Do ponto de vista bíblico, ao invés, a pessoa é o seu nome. Tal conceito se exprime na frase proverbial 'nomen omen', que pode ser traduzida como 'o nome é um presságio', 'um nome, um destino', 'o destino está no nome'.

Nesse sentido, quando se invoca o nome de Deus se invoca Ele mesmo: invocar o nome é invocar a pessoa.

Quem não tem um nome não existe (Qoelet 6,10) e sem nome, uma pessoa não tem valor (Jó 30,8).

Que o nome indique a natureza da pessoa é muito evidente em muitos casos da Bíblia. Eva, por exemplo, é o nome que Adão dá à sua mulher, por que ela seria a mãe de todos os seres vivos (Gênesis 3,20), pois de fato a raiz dessa palavra (havah) significa exatamente “vivente”. Também na história do patriarca abraão:Deus muda o seu nome: "Teu nome passará a ser Abraão [אברהם(avrahàm), "pai de povos"], pois certamente te farei pai de uma multidão de nações" (Gn 17,5). O nome, portanto, indica a natureza e o destino da vida da pessoa. A Abraão, Deus diz: "Quanto a Sarai, tua mulher, não a chamarás pelo nome de Sarai, porque o seu nome é Sara [שרה(Sarah); "senhora", "princesa"]. E eu certamente a abençoarei". - Gênesis 17,15-16.

A mesma lógica tem tantos outros nomes bíblicos: Adão (terra); Benjamim (filho da direita), Nacor (aquele que ronca), Josué (Deus Salva), Samuel (Deus chama), Isaías (salvação do Senhor), Débora (abelha), Tamar (palmeira), Pedro (Pedra), etc. Inclusive o nome de Cristo, como indicado pelo anjo a José, indica a sua missão: lhe darás o nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo de seus pecados” (Mateus 1,21).

 

Conhecer o nome significa um poder

Outra lógica importante entre os judeus é a ideia segundo a qual conhecendo o nome de alguém era possível exercitar um certo poder sobre ele. Isso já fica claro já na criação, quando após as ter criado, Deus conduziu todos os animais ao homem para ver como ele as chamaria: “cada qual devia levar o nome que o homem lhe desse” (Gênesis 2,19-20). Dessa maneira, Adão podia ter autoridade sobre os animais, conforme o plano divino: “dominai sobre os peixes do mar, as aves do céu e todos os animais que rastejam sobre a terra” (Gn 1,28).

É essa mesma lógica presente em Isaías 43,1, aonde se mostra como nós estamos sobre a proteção divina “não temas, porque eu te resgatei, chamei-te pelo teu nome: tu és meu”. Desde o ventre de nossa mãe, Ele mencionou o nosso nome (Isaías 49,1).

Isso nos ajuda a entender, por exemplo, o diálogo entre Jacó e o anjo, na famosa cena da luta entre os dois. Jacó pede, no final, ao anjo: “diz o teu nome”. E o anjo entende e rebate: “por que perguntas pelo meu nome?” E não o revela, mas apenas bendiz a Jacó (Gênesis 32). Também em Juízes 13 o anjo não revela o seu nome a Manué, mãe de Sansão, mesmo quando ela lhe pede. O anjo então diz que seu nome é “misterioso” (feley).

Se os anjos não revelam seu nome a quem lhes pedem, não deveríamos nos espantar com a reação de Deus a Moisés, na Sarça Ardente, quando ele pergunta por seu nome, para que o anuncie ao Faraó. Moisés é mandado por Deus a libertar os filhos de Israel no Egito. Ele sabe o quanto eles sejam desconfiados e, por isso, deduz que quando dirá aos hebreus que “o Deus dos vossos pais mi mandou a vós” eles perguntarão: “qual é o seu nome?”. Moisés então pede a Deus: “o que direi a eles?” (Êxodo 3,13). E a resposta é “eu sou aquele que sou” (Êxodo 3,15). É assim revelado o nome divino, o tetragrama, YWHW. Esse nome nunca é pronunciado, até hoje, pelos judeus para indicar que o ser humano não domina a Deus, mas está a seu serviço. Na libertação dos hebreus da escravidão do Egito Deus se revele como aquele é “está presente” com o seu povo no caminho na direção da liberdade: esse é o nosso Deus que se revela plenamente em Jesus, nosso salvador.