O Evangelho de João no capítulo três relata o diálogo de Jesus com Nicodemos. Nicodemos era um mestre da Lei, ou seja, conhecia toda a Escritura. Ele vem até Jesus e diz: “Rabi, sabemos que veio da parte de Deus como mestre, porque ninguém pode realizar os sinais que tu realizas se Deus não está com Ele” (Jo 3,2). Nesta frase se concentra tudo o que o evangelista quis transmitir através deste texto. Primeira coisa, ele reconhece que Deus está em Jesus, que Jesus é o enviado de Deus. Veio para realizar sinais. No Evangelho de João os sinais estão relacionados com a fé. Nicodemos procura Jesus por causa dos sinais. Os sinais têm um fundamento claro e definitivo no Antigo Testamento: os sinais que Deus realiza por seu povo no êxodo rumo à liberdade (Ex 10,1; Nm 14,11-22; Dt 7,19; 29,1-3). Só um realiza sinais: Deus. Portanto, se Nicodemos reconhece que Jesus realiza sinais, ele reconhece que Jesus é Deus.
Todo o Evangelho de João tem como objetivo mostrar que Jesus é a manifestação de Deus. Veja as seguintes frases que aparecem no Evangelho: “Eu e o pai somos um” (10,33); “Eu sou o pão da vida” (6,35); “Eu desci do céu” (6,38); “Assim como o Pai, que vive, me enviou, eu vivo pelo Pai” (6,57); “Eu o conheço, porque dele sou e ele me enviou” (7,29); “Eu sou a luz do mundo” (8,12); Não esqueçamos que só Deus é luz. “Se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai” (Jo 8,19). “Eu sou que nada faço por mim mesmo; mas falo como o Pai me ensinou” (Jo 8,28); Eu sou é o nome com o qual Deus se apresenta a Moisés na sarça (Ex 3,14). “Em verdade, em verdade eu vos digo: antes que Abraão existisse, Eu sou” (Jo 8,58); “O Pai me conhece a mim, e eu conheço o Pai” (Jo 10,15); “o Pai está em mim, e eu estou no Pai” (10,38). “Quem crê em mim crê, não em mim, mas naquele que me enviou” (12,44); “E quem me vê a mim vê aquele que me enviou” (12,45). “Credes em Deus, crede também em mim” (14,1); “Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta. Disse-lhe Jesus: Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai?” (14,8-9) “Não crês que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, faz as suas obras, Crede-me que estou no Pai, e o Pai, em mim;” (14,10-11)
E assim por diante, podemos encontrar muito mais citações que mostram esta unidade entre Jesus e Deus. Não devemos esquecer que o Evangelho de João começa com: “No principio era o verbo, e o verbo estava com Deus, e o verbo era Deus” (1,1). O verbo é a Palavra que se fez carne e habitou entre nós.