Olá Breno de Vitória / ES!
A pergunta que fazes é muito comum para todos os leitores da Bíblia. O Antigo Testamento, fala muito dos povos nômades, dos povos que viviam no deserto, e despertam em nós muita curiosidade. O tipo de vida, o modo de sobreviver, o trabalho o jeito de se relacionarem vão muito além do que nós imaginamos, contrapondo ao nosso tipo de vida.
Existe muita literatura escrita sobre os povos nômades, a sua origem, trabalho e atualidade. Não é função nesta resposta querer apresentar todos os aspectos da vida destes povos. Propomos-nos nesta resposta descreve alguns pontos das origens destes povos e outro da atualidade dos povos nômades. Pensamos que no momento e o suficiente para termos uma compreensão maior sobre eles.
A origem dos povos nômades
Viver o nomadismo é a prática dos povos que não têm uma habitação fixa, que vivem permanentemente mudando de lugar. Não possuem morada fixa. Mas para sobreviver andavam com seus rebanhos na busca de alimentos trocando de lugares constantemente.
São populações do tipo caçadores-coletores ou pastores, pescadores, mudando-se a fim de buscar novas pastagens para o gado, quando se esgota aquela em que estavam, buscando água para seus rebanhos. Portanto os povos nômades não se dedicam à agricultura, que exigiam longa permanência em um lugar e não existiam fronteiras nacionais mas simplesmente lugares de melhores pastagens.
Com a descoberta da agricultura os povos nômades começam a fixarem-se em um determinado local. Entretanto ainda hoje encontramos sociedades nômades, como os beduinos que vivem nos desertos do Negev ou da Judéia em Israel ou tribos de tuaregues na Sahara etc.
O que a História Biblica fala dos nômades
Sem nos fixarmos nos grandes impérios da época o Egito e a Babilônia olharemos a história Biblica que nos ilustra com narratrivas de povos nomades.
A história Bíblica nos narra como Deus pediu a Abraão que fosse para a terra de Canaã, uma nova terra (terra da Promessa) que iria nascer para eles e seus descendentes. Abraão ouviu o pedido de Deus e juntou seu rebanho, seu povo e toda a sua família para uma peregrinação atravessando a Arábia rumo ao norte, depois em direção a parte oriental da Palestina, onde finalmente se fixou junto com seus rebanhos. O Antigo Testamento descreve todos estes episódios detalhadamente.
Imitando a Mesopotâmia (o atual Iraque), a nova terra que chegavam era fértil e favorecia a agricultura, locais onde os pastores nômades encontravam alimentos para os seus rebanhos. Devido à seca em determinadas épocas do ano os pastores seguiam para outras regiões e chegavam até ao Delta no Nilo, onde não faltava água. Estes povos considerados nômades obedeciam ao membro mais velho do grupo e este determinava o que deveria ser feito por todos surgindo assim os “clãs”. Embora ocupassem as terras eles não eram donos e foram chamados de hebreus.
Possuíam tradições rígidas, as uniões feitas entre si para não adquirirem costumes de outros povos. Quanto à religião, acreditavam em um Deus único e diferente dos outros povos que possuíam vários deuses (o sol, a lua, as estrelas e consideravam alguns animais sagrados).
Por serem nômades eram independentes e não criavam vínculos por onde passavam. A economia estava baseada na troca de produtos, ou seja, o leite dos animais transformava-se em queijos trocados por trigo, cevada etc.
Quem são e onde estão hoje os povos nômades
Os povos nômades na atualidade se encontram espalhados em todos os continentes. Vamos encontrá-los nos desertos da África, no Sahara, na Etiópia, no Sudão, os beduínos do deserto do Negev em Israel, os ciganos que circulam tanto na Europa como nas Américas, etc. Na Finlândia ou na Mongólia os nômades vão sobrevivendo, apesar dos limites que a natureza os coloca e o governo destes países. Recordamos a controvérsia nos últimos tempos com a presença dos ciganos na Europa.
Os povos nômades devido ao estilo de vida trazem pelo menos a vantagem de não contribuem para as mudanças climáticas. Ao contrário eles muito mais do que os outros sentem as mudanças na natureza, cujas conseqüências são catastróficas.
Na Etiópia os nômades que ali vivem há séculos levando seu gado de uma pastagem para outra. Adaptaram-se perfeitamente às mudanças da estação chuvosa para a seca, da abundância de água para o gado à escassez de água. Mas o que esta acontecendo nas mudanças climáticas já é uma realidade seus rebanhos morrem pela falta de água. Das secas que acontecem na Etiópia a cada seis ou dez anos, hoje acontece quase todos os anos. Os nômades não têm tempo de recuperar seus rebanhos depois de um período de seca. A água se torna escassa e o transporta da de longas distâncias torna a sobrevivência difícil. Os nômades estão perdendo seu meio de subsistência.
Os povos nômades atuais atingidos pelas secas chegam a 40 milhões.
Secas e inundações cada vez mais freqüentes, temperaturas cada vez mais altas e desertificação ameaçam milhões de nômades que vivem em países da África: Etiópia, Níger, Mauritânia, Quênia e no Sudão. Günther Schlee, do Instituto Max Planck para pesquisa Etnológica afirma que hoje cerca de 40 milhões de criadores de gado nômades no mundo sofrendo com as secas.
Em outras partes do mundo acontecem invernos mais amenos com muitas chuvas representando um problema enorme para os pastores de renas no norte da Finlândia e na Rússia.
Na Mongólia, um terço da população é nômade 2,7 milhões de pessoas vivem da criação de gado. No inverno a temperatura chega a 40 graus negativos e cerca de 4,5 milhões de cabras, ovelhas, camelos e cavalos congelam e milhares de nômades perdem os meios de subsistência.
Hoje os nômades enfrentam problemas com as mudanças climáticas e políticas que não favorecem as formas nômades de economia com a redução contínua de terras livres para pastagens.
Embora os conflitos entre nômades e sedentários sejam tão antigos quanto à própria humanidade as novas tecnologias da mobilidade, como os telefones celulares, estão facilitando a vida nômade. Existem cada vez menos argumentos para ser sedentário, a dinâmica da sobrevivência esta se dirigindo para outra direção. Afinal a vida nômade é cada vez mais comum nos países industrializados. As grandes empresas multinacionais são dirigidas por nômades que se deslocam de país em país, de quarto de hotel em quarto de hotel. Os empresários e trabalhadores se deslocam de sul a norte, de continente a continente, enfrentando dificuldades próprias da vida nômade, mas buscando novas formas de sobrevivência.