Prezado Geraldo, a sua pergunta nos conduz ao personagem João Batista, que foi apelidado de "precursor"de Jesus. Todos os 4 evangelhos falam do seu ministério caracterizado pelo batismo:
Mateus 3,11: Eu vos batizo com água para o arrependimento, mas aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu. De fato, eu não sou digno nem ao menos de tirar-lhes as sandálias. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.
Marcos 1,7-8: E proclamava: "Depois de mim, vem aquele que é mais forte do que eu, de quem não sou digno de, abaixando-me desatar a correia das sandálias. Eu vos batizei com água. Ele, porém, vos batizará com o Espírito Santo."
Lucas 3,16: João tomou a palavra e disse a todos: "Eu vos batizo com água, mas vem aquele que é mais forte do que eu, do qual não sou digno de desatar a correia das sandálias; ele vos batizatá com o Espírito Santo e com o fogo".
João 1,33: "Eu não o conhecia, mas aquele que me enviou para batizar com água, disse-me: "Aquele sobre quem vires o Espírito descer e permancer é o que batiza com o Espírito Santo."

No anúncio do Batista existe uma mensagem dominante: a testemunhança dada ao Messias. Nós hoje não nos damos conta de como foi humilde a passagem de Deus na terra, não imaginamos como era difícil reconhecê-lo ("No meio de vós, está alguém que não conhecies""“ João 1,26). Havia também alguns que acreditavam que João fosse o Messias. É por isso que os três evangelhos sinóticos colocam na boca do Batista a frase "aquele que vem é mais forte do que eu". O Evangelho de João também sublinha esse aspecto, dizendo que Jesus é o cordeiro de Deus (1,29), é pré existente (1,30) e é veículo do Espírito Santo (1,32-34). Portanto os evangelistas, através da narração da missão de João Batista, dissipam qualquer dúvida sobre a identidade de Jesus.

Outro elemento presente na história de João é o batismo. Também ele tem a função de explicar a diferença entre João e Jesus. Isso é claro sobretudo em Mateus e Lucas, que usam a expressão "batizará com o Espírito Santo e com fogo", referida a Jesus. O batismo de João é imperfeito, feito apenas com água, o outro invés é perfeito, feito com o fogo, símbolo do Espírito Santo. Ambos os ritos são feitos com água e anunciam a purificação interior por causa da acolhença de Deus. Seja a água que o fogo purificam: um lava e o outro queima. É verdade que também através do batismo do Batista era doado o Espírito Santo, pois a salvação não é subordinada a tempos e cerimônias, mas o fogo sublinha a divindade de Jesus, pois além de recordar a figura do Messias Juiz, lembra outras características divinas citadas no Antigo Testamento, onde o fogo simboliza a intervenção soberana de Deus e do seu Espírito, que purifica as consciências (cf. Iaías 1,25; Zacarias 13,9; Malaquias 3,2-3, Eclesiástico 2,5). Além disso, às vezes, as aparições do Senhor são acompanhadas pelo fogo (Êxodo 3,2; 13,21; 19,18; Deuteronômio 4,11) e a magnificiência de Deus é descrita com o fogo (Ezequiel 1,4.13), assim como também a sua presença protetora (2Reis 6,17), a sua santidade (Deuteronômio 4,24), o seu justo juízo (Zacarias 13,9) e a sua ira pelo pecado das pessoas (Isaías 66,15).