Olá Douglas. Realmente uma das possibilidades que o texto de Jo 4,1-30.39-42, aponta para sua melhor compreensão a respeito da Samaritana é que naquela região havia ainda a adoração a cinco deuses advindos desde a época do término do Reino do Norte em 722 a.C. pelos Assírios. Um pouco de história pode nos ajudar que está relatada em 2 Rs 17,24-34. A relação da Samaria com outras divindades advém mais claramente desta época em que os povos que passaram a habitar esta região faziam seus cultos a: Sucote-Benote; Nergal; Asima; Nibaz e Tartaque; Adramalec e Anamaleque. A relação dos judeus com os samaritanos a partir desta época ficou mais complicada, se anteriormente era a questão da divisão do reino acontecida em 931 a.C. com Jeroboão, que institui na região o culto aos dois bezerros de ouro, indicando que estes foram quem haviam libertado o povo do Egito em 1250 a.C. ,confira em 1 Rs 12,25-33.

 

A relação com os samaritanos teve ainda mais um endurecimento quando na volta do Exílio o grupo liderado por Zorobabel e Josué não aceitou a ajuda dos samaritanos, então considerados impuros porque eram um misto de judeus e dos outros povos que vieram colonizar a Samaria, depois de 722 a.C., confira em Esd 4. Os judeus e os samaritanos desenvolveram uma relação muito tumultuada a partir de então. A respeito de outros dados históricos desta relação dos judeus e samaritanos veja também Ne 4; 6,1-11; 13,28; 1 Mc 10,30.38; 11,28-34.

 

A relação da denominação de Baal como marido se refere a baal ter o significado de senhor, proprietário, de dono de uma mulher, de um escravo ou de um terreno. É interessante lembrar que o culto a Baal-Fegor entre os israelitas já havia acontecido anteriormente veja (Gn 25,1ss; Js 6,28)

 

Muitas vezes em relação a este texto de Jo 4, 1-30 nos mantemos fixados nesta situação da mulher, se ela teria realmente cinco maridos e por que isso? O importante neste texto como no de Lc 10,25-37 é a outra maneira que Jesus nos aponta em olhar a quem é considerado como impuro. Se em Lc a intenção é mostrar que o samaritano não se deixou apegar às normas que impediam o contato com alguém ensangüentado e doente e que o socorreu. Já em Jo 4 em relação ã samaritana nos indica que esta idéia de exclusão precisa ser superada uma vez que é o próprio Jesus quem toma a iniciativa em conversar com a mulher à beira do poço de Jacó (lugar de muitos acontecimentos na época dos patriarcas), lhe pedindo água. Atitude esta que nenhum judeu e homem faria em relação a alguém da Samaria e muito menos uma mulher, veja a admiração dos discípulos quando voltam em ver que Jesus estava conversando com uma mulher samaritana (Jo 4,27). Outro detalhe é que no evangelho segundo João Jesus ao voltar da Judéia para a Galiléia, faz questão de passar por aquele lugar, a cidade Sicar ou mais provável Siquém. O foco do texto não está na condição moral da mulher e sim a sua atitude depois de encontrar o verdadeiro Deus, no seu enviado Jesus de Nazaré. Ela não precisa mais dos outros deuses, e por isso larga seu balde, já que agora tem a Água Viva para sua vida e vai anunciar Jesus  à toda cidade que passa a acreditar nele em Jesus por causa da palavra da mulher.