Ademir, imagino que você escreveu "Eclesiastes"(Coélet) pensando a "Eclesiástico"(Siracide). Existe um problema em relação a Eclesiástico (Siracide), mas nenhuma contestação quanto ao Eclesiastes (Coélet).

Sendo esta premissa verdadeira, a sua pergunta nos conduz ao tema do cânon bíblico, ou seja, à lista dos livros que compõe o texto sagrado. A discussão prossegue porque entre os cristãos não existe um acordo. De fato a bíblia católica possui 72 livros, enquanto que aquela dos protestantes tem apenas 65. Na bíblia protestante não encontramos os livros de Tobias, Judite, 1 e 2 Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico (Siracide) e Baruc.

A igreja católica definiu a lista da sua bíblia somente no Concílio de Trento, em 1546. A partir de então, para os católicos, todos os livros incluídos nesta lista têm o mesmo valor, são palavras de Deus. Portanto, para a igreja católica o livro do Eclesiástico (Siracide) não é um apócrifo.

Em relação à igreja da reforma, existem algumas afirmações dos reformadores que convém lembrar:
1. Confessio Luterana Virtembergica (1552): "Nós chamamos de Sagrada Escritura aqueles livros canônicos do Antigo e do Novo Testametno sobre os quais nunca houve dúvida a respeito do seu valor"
2. Confessio Galilicana (1559): "Toda a Sagrada Escritura está nos livros canônicos do Antigo e do Novo Testamento". Em seguida aparece a lista dos livros, sem os 7 livros mencionados acima. Depois afirma: "Nós reconhecemos que estes livros são canônicos e constituem a regra segura da nossa fé. Nós cremos que a palavra presente nestes livros veio de Deus". Em conseqüência, os livros que não estão nesta lista não são inspirados.

Portanto, para os evangélicos o livro do Eclesiástico é um apócrifo.

Quanto à Carta aos Hebreus, não existe dúvida, pois as igrejas, tanto católica quanto evangélica, aceitam o livro como canônico. Portanto esta carta não pode ser considerada "apócrifo". Você provavelmente põe essa dúvida porque esse livro entrou na lista dos livros bíblicos somente mais tarde. A carta era contestada, sobretudo no Ocidente. No Oriente, porém, foi logo aceitada, todavia até o século X estava, invés, em dúvida a canonicidade do Apocalipse de João. Em outros locais se questionava a canonicidade das assim chamadas "Cartas Católicas Menores", isto é: 2Pedro, 2 e 3 João e Judas. De qualquer forma, em 327, Atanásio de Alexandria já determina que o novo testamento é composto pelos 27 livros atuais.

Temos que prestar atenção também a um problema de termos. Os protestantes chamam de "apócrifos"os 7 livros citados acima, que os católicos incluem no cânon do Antigo Testamento. Esses livros são chamados pelos católicos de "deuterocanônicos", significando que entraram no cânon numa etapa posterior. Os católicos, invés, chamam de "apócrifos" aqueles livros que não entraram no cânon e que foram escritos em época bíblica, tais como os evangelhos apócrifos e outros livros. Esses escritos, pelos protestantes, são, invés, chamados de "pseudoepográficos".