Olá Leandro R. de São Paulo.
Muito bom o teu interesse em ler a Bíblia sempre com os pés na realidade. Queres conhecer o tempo histórico, ou a chamada linha do tempo. É um ótimo caminho e tua visão tornar-se-á clara e a compreensão maior.
O texto bíblico que fala do ano em que o Reino do Sul (Judá) foi levado ao cativeiro encontramos em 2 Rs 25,3:
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Aos nove dias do quarto mês,a cidade se via tão apertada pela fome que não havia mais pão para o povo da terra. |
4 |
Então a cidade foi arrombada, e todos os homens de guerra fugiram de noite pelo caminho da porta entre os dois muros, a qual estava junto ao jardim do rei (porque os caldeus estavam contra a cidade em redor), e o rei se foi pelo caminho da Arabá. |
5 |
Mas o exército dos caldeus perseguiu o rei, e o alcançou nas campinas de Jericó; e todo o seu exército se dispersou. |
6 |
Então prenderam o rei, e o fizeram subir a Ribla ao rei de Babilônia, o qual pronunciou sentença contra ele. |
7 |
Degolaram os filhos de Zedequias à vista dele, vasaram-lhe os olhos, ataram-no com cadeias de bronze e o levaram para Babilônia. |
Ainda encontramos outro texto semelhante a este no profeta Jeremias 52,6-11:
6 |
No quarto mês, aos nove do mês, a fome prevalecia na cidade, de tal modo que não havia pão para o povo da terra. |
7 |
Então foi aberta uma brecha na cidade; e todos os homens de guerra fugiram, e saíram da cidade de noite, pelo caminho da porta entre os dois muros, a qual está junto ao jardim do rei, enquanto os caldeus estavam ao redor da cidade; e foram pelo caminho da Arabá. |
8 |
Mas o exército dos caldeus perseguiu o rei, e alcançou a Zedequias nas campinas de Jericó; e todo o seu exército se espalhou, abandonando-o. |
9 |
Prenderam o rei, e o fizeram subir ao rei de Babilônia a Ribla na terra de Hamate, o qual lhe pronunciou a sentença. |
10 |
E o rei de Babilônia matou os filhos de Zedequias à sua vista; e também matou a todos os príncipes de Judá em Ribla. |
11 |
E cegou os olhos a Zedequias; e o atou com cadeias; e o rei de Babilônia o levou para Babilônia, e o conservou na prisão até o dia da sua morte. |
Os estudiosos da Bíblia lendo a passagem de 2Rs 25,3, interpretam o versículo 4 “aos nove dias do quarto mês”como Junho-julho de 587 a.C.
Este segundo cativeiro, com início em 587 a.C. passa ser considerado o cativeiro padrão, pois expressa na sua magnitude do sofrimento em que o povo passou com a deportação.
O cativeiro conforme o texto de 2 Rs aconteceu depois da destruição de Jerusalém. O rei Nabucodonor, aprisionou o restante do povo que estava em Jerusalém (2 Rs 25,11). Assim esta porção do Povo de Deus levou consigo a imagem de destruição daquilo que era mais sagrado o Templo de Jerusalém e a sua cidade. Agora tudo estava destruído, a casa de Deus, a cidade, o culto estava interrompido e o povo massacrado e doente. Este grupo sem mais o peso, da Monarquia, da Instituição do Templo de Jerusalém, estava livre para repensar novamente sua caminhada. Assim este grupo passou a sonhar com o fim do cativeiro, como um novo Êxodo e retorno para a Jerusalém. Estavam pensando tudo outra vez: um novo povo, nova terra, novo espírito, novo coração e nova lei. O povo de Deus começa a renascer das próprias cinzas e da destruição. Um caminho novo se deslumbra como fizeram os antepassados, Abraão e Sara.
Para o Povo de Deus a realização deste sonho é a matriz nova para reinterpretarem a sua própria história.