Fomos "educados" a imaginar a nossa relação com Deus como um comércio: me comporto bem e então tenho certos privilégios diante dEle. Ou me dedico à oração e a frequentar a igreja e por isso Deus me estará sempre próximo. Esse modo de agir e pensar não é teologicamente correto, pois concebe erroneamente a onipotência divina. De fato Deus não precisa de nossas orações ou do nosso louvor. Somos nós que precisamos nos aproximar dEle, pois estando longe de quem nos criou perdemos as forças. Realmente estar próximos a Deus nos traz felicidade. Mas isso acontece não por que Deus nos concede, mas porque nós aceitamos a presença Sua. Ele é Deus Conosco, Emanuel; não se afasta nunca de nós. Somos nós que, com nossas escolhas, nos afastamos dEle.

 

Nos evangelhos há diversos textos, sobretudo aqueles que falam da misericórdia divina, que mostram como Deus acolhe de braços abertos o pecador, que, arrependido, volta para casa. A passagem mais emblemática é a parábola do Filho Pródigo, contada em Lucas 15, juntamente com as parábolas da ovelha e da moeda perdida.

 

Outro texto importante, em relação à oração do pecador, é o texto, sempre uma história contada por Jesus, que encontramos em Lucas 18 a partir do versículo 11. Jesus conta que um fariseu e um publicano foram ao templo rezar. Podemos taxar o fariseu como alguém que vai sempre à igreja, um cristão praticante. O publicano, invés, é um pecador, encarregado de explorar o povo, através da cobrança de taxas impostas pelo dominador, os romanos. O fariseu, na sua oração, agradecia a Deus por não ser um pecador, lembrando todas suas obras de piedade. "O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!". Jesus termina dizendo que o publicano, o pecador, foi pra casa justificado e não o fariseu.

 

Lucicleia, falar com Deus nunca é em vão. Esse é o único meio para alcançar a meta magistralmente descrita por Santo Agostinho: "O nosso corarção não repousa em paz até que não encontra o Senhor".