Olá Bruno!  Rio de janeiro!

A pergunta não deixa de ser interessante e nos ajuda a enxergar o texto Bíblico com outros olhos. O que aparece na pergunta não vem diminuir a veracidade do texto bíblico nem nos afasta da palavra de Deus, mas nos ajuda a compreendê-la melhor e uma vez entendendo melhor passamos a valorizar muito mais a palavra de Deus.

 

Olhando o contexto do texto escrito:

Quem escreve os Atos dos Apóstolos é Lucas (autor do evangelho e dos Atos dos Apóstolos). Lucas quer atingir leitores que vivem longe da Palestina de Jesus, em Antioquia da Pisídia, e o mundo pagão. Lucas tinha em mente que os leitores possuíam já um conhecimento, da Bíblia Septuaginta (escrita em grego) e uma vez que a comunidade estava formada, seus escritos basearam-se na Septuaginta. Deste modo Lucas não rejeitava, mas se utilizava da Septuaginta com um cânon maior, os chamados “livros deuterocanônicos”.

 

A explicação para Atos dos Apóstolos 7,14

Lucas utilizou para ilustrar o seu texto escrito às informações da Septuaginta (a qual contém os “apócrifos”) quando descreve os capítulos 6 e 7 dos Atos dos Apóstolos. Nestes dois capítulos que narram à história de Estevão lemos que Estevão, cheio do Espírito Santo (At. 6,10), foi conduzido ao Sinédrio pela multidão (At. 6,12); Estevão, então, se dirigiu aos judeus e contou-lhes como Jacó trouxe seus 75 descendentes para o Egito: (encaixa um texto da septuaginta na sua narrativa) muito comum no Novo Testamento, as chamadas sentenças encaixas ou textos encaixados.

Atos 7,14-15: “Então José mandou buscar Jacó, seu pai, e toda sua parentela, em número de setenta e cinco pessoas. Desceu Jacó para o Egito e aí morreu, ele e também nossos pais”.

Mas a Bíblia hebraica nos diz que Jacó trouxe 70 descendentes para o Egito (cf. Gên. 46,26-27; o texto hebraico também recorda “70″ em Deut. 10,22 e Ex. 1,5).

 

A explicação para a diferença numérica na história de Jacó narrada por Estêvão é muito simples: ele está citando Gênesis (46,26-27) a partir da versão grega da Septuaginta, a qual possui cinco nomes a mais (total de 75 nomes) que o texto da Bíblia hebraica. Os cinco nomes que faltam no texto hebraico foram preservados na Septuaginta, em Gên. 46,20:  Makir, filho de Manassés,  Makir, filho de Galaad , Taam, Sutalaam e Edon.