Olá Magna,
A sua pergunta nos oferece uma boa reflexão. O tempo em que hoje vivemos infelizmente está permeado por falsos valores ou atitudes que, às vezes nos confundem. Por isso é preciso uma sólida formação e firmeza no seguimento do que realmente é um valor como a honestidade, que é uma arma contra a má atitude ou o crime que é o roubo.
Na bíblia sempre iremos encontrar uma posição contrária ao roubo, uma negação e condenação a esta atitude que vai contra aos bons princípios determinados por Deus para todo sempre. Podemos começar com Ex 20, 15 – Não furtarás. Em Lv 19,11 fica bem claro que o furto também é condenado juntamente com a mentira e a falsidade, pois todos esses roubam a verdade. Ainda em Lv 19,13 está a ordem de Deus para que não aconteça roubo e opressão ao próximo.
Em dois únicos versículos: Is 38,10 está uma queixa por sentir-se roubado de sua vida ao entrar nas portas do além e em Pv 9,17 temos o que a loucura pode levar a dizer: “que as águas roubadas são doces”.
O profeta Jeremias em um contexto em que ele estava sendo perseguido por seus adversários chega a pedir a Deus que o livre deles e inclusive dos seus descendentes que poderiam continuar no mesmo caminho contrário a ele cf. Jr 18,18-23.
Na linha de crítica, repúdio e castigo a quem rouba temos por exemplo: Dt 24,7; Ecle 5,8; Is 61,8; Is 10,1-2.
Jesus deixou bem claro que não veio para revogar a Lei ou os Profetas cf. Mt 5,17, mas para dar cumprimento. Como então Jesus poderia ter dito ou agido de forma a aceitar o roubo? Precisamos ter o cuidado quando lemos um versículo da bíblia fora de seu contexto mais amplo ou sem considerar a história da comunidade que o relata e porque o faz.
Em Mt 6,19-21, há uma constatação do que infelizmente acontece no mundo, em que pessoas agem de modo contrário ao que Deus pede, pois roubam e não respeitam os bens das outras pessoas. Já em Mt 12, 22-32, quando lemos 12,29 fora de todo o contexto do cap. 12, podemos pensar que o roubo está sendo autorizado por Jesus. O v. 29 é uma lembrança do que está em Is 49,24. É a contestação de Jesus à maneira de pensar dos fariseus sobre a forma de compreender o poder dele ao expulsar demônios. A multidão percebe que Jesus é o Filho de Davi, mas os fariseus por serem contrários a Ele o acusam de usar o poder do demônio para expulsar demônios. A respeito poderíamos ainda falar muito mais.
Não podemos esquecer que no seu ensinamento Jesus pede que as pessoas sigam o que Deus indica para que os seres humanos tenham uma convivência justa, harmoniosa e fraterna: “tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a lei e os profetas (Mt 7,12). Ouvir as palavras de Jesus e as colocar em prática é atitude sensata (cf. Mt 7,24), uma vez que todos são chamados a serem perfeitos como o Pai celeste é perfeito (cf. Mt 5,48).
O roubo é contrário a Lei de Deus e é considerado crime pela lei civil, pois faz muito mal às suas vítimas e por isso precisa ser evitado e combatido. Não podemos esquecer que a corrupção e a ganância desmedida causam danos irreparáveis na sociedade. Como pessoas cristãs devemos dar o exemplo de fidelidade a Jesus e estarmos unidas no combate a tudo o que é contra a Lei de Deus e nesse caso também contra a lei civil.