Este tema é e sempre será, causa de discórdia entre os Cristãos. A questão se torna delicada e problemática, simplesmente pela falta de bom senso, estudo, e como se diz no Direito: boa fé.A referência à virgindade perpétua da Mãe de Jesus, ao que de maneira equívoca a priori pode-se pensar, está alhures de uma construção de caráter valorativo próprio, hiper-dimensionado de conditio sine qua non e, além disso, se dá em dois momentos distintos.
Em primeiro momento, ela foi simplesmente agraciada uma vez que foi escolhida por Deus para dar à luz seu filho. Deus não precisava necessariamente de sua serva; agora, optou por ser deste modo. A referência à virgindade de Maria, antes de ser a descrição de um fato biológico, é expressão da confissão de que aquele menino, que se humaniza através de Nossa Senhora, não por dependência, mas, por escolha divina, é o enviado de Deus, sim: é o próprio Deus que em sua mais alta expressão de misericórdia se encarna pelo viés de Maria.
Uma explicação científica também não responderia como é que Deus se fez homem; é no mínimo, um mistério do qual não conseguimos alcançar até o momento, com o que chamamos de ciência e sim pela fé. Deus fez uma parceria com o homem; por mais estranho que possa parecer aos nossos ouvidos que estão acostumados a ouvir sobre a onipotência divina. Ele o fez para mostrar o seu amor por nós.
A virgindade perpétua se coaduna com a Imaculada Concepção uma vez que se Maria Santíssima tivesse sido gerada com o pecado herdado de Adão ou tivesse qualquer pecado pessoal, o anjo Gabriel teria mentido chamando-a de "cheia de graça". Pois, onde existe esta "graça em plenitude" não pode coexistir o pecado.
Destarte, ela é chamada de "Santíssima Virgem". Será que Deus uma vez que não precisava e nem precisa de nenhum ser humano, convinha à escolha de um sacrário ruim para que o seu filho, Jesus Cristo, o Santíssimo, fosse gerado? Será que Maria não poderia ter tido um comportamento diferenciado ou então, ter sido preparada pelo próprio Deus para ser o receptáculo digno?
Será que esta hipótese não pode ser no mínimo levada em consideração? Será tão improvável assim? Se tomarmos como caminho como fonte o apócrifo protoevangelho de Tiago, escrito no ano 150 d.C., temos um relato que informa um comportamento de consagração de Maria desde a infância.
Na segunda parte do tema, tem-se a insistência dos desavisados em atribuir-lhe filhos. Fazem isto, para diminuírem a glória de Jesus Cristo, bem como para esvaziarem Maria de sua maternidade universal. Se Jesus tivesse tido irmãos de sangue, só para começar, não teria entregado sua Mãe aos cuidados de João. Seus próprios irmãos naturais cuidariam dela, como era dever sacratíssimo na época e ainda hoje.
Os de má-fé esquecem-se de estudar o contexto no tocante a este item. Naquela época, todos os parentes se chamavam entre si de irmãos e na Bíblia se pode ver isto claramente. Em certas ocasiões um parente próximo é denominado de irmão. Abraão tio de Lot chama-o de irmão; Moisés considera os seus compatriotas Hebreus de irmãos. Sobre os famosos quatro irmãos de Jesus, tem-se que a verdadeira mãe de Tiago e José era outra Maria, irmã de Nossa Senhora e casada com Cleofas; e que Judas era irmão de Tiago Maior filho de Alfeu.
Não se pode tomar os Dogmas Marianos em um único caminho. Hodiernamente, deve-se polir o dogma da Virgindade Perpétua de um ranço que o associa a questão como prioritária em relação à Santidade de Nossa Senhora. Em consonância com os Teólogos Marianos, pode-se ter uma visão de uma realidade que se ultrapassa, trazendo em seu bojo, aprofundamentos Cristológicos de sentido capital, onde a virgindade mariana está albergada necessariamente em relação à consagração plena a Deus em seu filho Jesus.