Penso que quando você diz “última páscoa” entenda sobretudo a “última ceia”, aquele momento de encontro com os discípulos à mesa, antes de ser preso, pois é nesse momento que podemos sublinhar um ambiente particular de oração e ali que os evangelhos mencionam que Jesus com os Apóstolos “cantaram o hino” (Mateus 26,30 eMarcos 14,26).

 

Ceia pascal, momento especial

No cenáculo, na janta pascal que Jesus come com seus apóstolos, Jesus sabia bem o que lhe aconteceria, era consciente d a sua Paixão, Morte e Ressureição. Por isso não a vive simplesmente como uma outra festa hebraica da páscoa (de fato naquele momento se celebrava a festa hebraica da páscoa), mas dá um caráter bastante diferente: doa a si mesmo, antecipando a sua cruz e a sua ressurreição.

A novidade desta janta são os gestos do partir do pão e a condivisão do cálice, com as palavras que os acompanham que sublinham o contexto de oração que imperava naquela ocasião.

 

As orações de Jesus e o hino

O Novo Testamento sublinha os gestos e as palavras de Jesus sobre o pão e o vinho. Os Evangelhos e as Cartas de Paulo mostram como Jesus partiu o pão e “deu graças” e, como lembra o Evangelho de Marcos, “recitou a bênção” e, como dito acima, no final da janta “cantaram o hino”.

 

A bênção sobre o pão e o vinhoé uma tradição que vem do judaísmo. Usa-se, para definir tal ação, o termo beracha (bênção). Há várias bênçãos (berachot), para vários momentos. Nesse site você pode ver alguns exemplos, transliterados e traduzidos em português.

 

O hino, que Mateus e Marcos dizem que Jesus e os discípulos cantaram no final da ceia são os chamados “Salmos do Hallel” (hallel significa “Louvor”), ou seja, os Salmos 113-118, cuja recitação encerrava a ceia pascal.