A história de Acã é contatada em Josué 7 e se refere à época da conquista da Terra Prometida.
O Livro de Josué conta que Deus não ajudou o povo numa conquista porque entre os hebreus fora cometido um pecado. Deus então pediu a Josué que descobrisse quem cometeu o pecado e que essa pessoa fosse condenada, para purificar o povo. Depois disso Deus voltaria a ajudar o povo. Depois de uma pesquisa, descobriu-se que o pecador tinha sido Acã. Assim ele conta o pecado:
"Verdadeiramente, fui eu que pequei contra Iahweh, Deus de Israel, e eis o que fiz: Vi entre os despojos um belo manto de Senaar e duzentos siclos de prata e uma barra de outro pesando cinquenta siclos; cobicei-os e os tomei. Estão escondidos na terra, no meio da minha tenda,, e a prata está embaixo" (Josué 7,20-21).
Depois dessa confissão, "todo Israel" tomou a inteira família de Acã e aquilo que tinha pego entre os despojos e "o apedrejou e os queimou e os coriu de pedras" (Josué 7,24).
O Anátema
O pecado de Acã tem a ver com o Anátema (em hebraico 'herem'). Através desse preceito o povo de Israel se comprometia a renunciar a toda presa de guerra: os homens e animais são mortos, os objetos preciosos pertenceriam ao santuário. Esse regra pertence à noção de guerra santa: é Deus que conduz o povo, é Deus que faz a guerra. A origem desse mandamento se encontra em Deuteronômio 7: "Quando Iahweh teu Deus te houver introduzido na terra em que estás entrando para possuí-la, e expulsado nações mais numerosas do que tu (...) tu as derrotarás e as sacrificarás como anátema. Não farás aliança com elas e não as tratarás com piedade" (Deuteronômio 7,1-2. Veja também Deuteronômio 20,13 seguintes e 1Samuel 15,3).
É dentro desse contexto que precisamos ler a história de Acã, que cometeu o pecado de ter tomado bens que pertenciam à cidade de Jericó, depois que ela foi conquistada (Josué 6).
Essa página da Bíblia é muito dura para nós hoje. Temos na mente a imagem de Cristo, o pai misericordioso, que acolhe, de braços abertos, o filho que volta à casa. Essa é a mensagem cristã que deve ficar. A passagem bíblica, apenas mencionada, faz parte da história e orientou Israel na formação da sua consciência moral, da ética religiosa. Nesse sentido, como etapa dum caminho, deve ser lida e valorizada, mas não ser tomada como um valor absoluto. De fato, esta noção primitiva do poder absoluto de Deus foi corrigida pela noção da sua paternidade misericordiosa como é evidente em Mateus 5,43-45:
"Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu porém vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; desse modo vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos Céus, porque ele faz nascer o seu sol igualmente sobre maus e bons e cair a chuva sobre justos e injustos."