Valéria, além da sua pergunta, Marcos, do Rio, também deixou a sua reflexão. Ele diz: Quado a Igreja pronuncia alguém como SANTO, ela não está fazendo antecipadamente um Julgamento da pessoa "SANTA"? Se posso afirmar que ninguém tem certeza a cerca da sua condenação ou salvação, como posso proclamar alguém como Santo, e dizer que esta pessoa já está no céu? Sou católico, mas não tenho o costume de rezar ou dialogar para com nenhum santo particular, mas não condeno quem faça.

A bíblia afirma que Deus é santo (Levíticos 11,44; Apocalipse 4,8). Porém, contemporaneamente, apela aos crentes que busquem a santidade: "sejais santos por que eu sou santo"(Levíticos 11,45).

Existem, provavelmente, na caminhada de cada pessoa, em busca da santidade, diferentes estágios. Não podemos duvidar da existência de cristãos que conseguem abraçar a fé de forma mais radical do que outras, que, em palavras simples, são mais santos que outros. Creio que quanto a isto não existe nenhum problema, não existe discussão. A discussão nasce a partir do momento em que se canoniza alguém como santo.

Refletindo, concludo que as dificuldades derivam de duas razões. A primeira provavelmente é a questão da autoridade: que autoridade tem, por exemplo o Papa, para dizer que tal pessoa é santa. A segunda razão de questionar a questão dos santos deriva do culto a eles prestados.

A igreja católica crê que a sua gerarquia provém dos apóstolos e através deles recebeu o mandado de Cristo para administrar e guiar os fiéis. Isso pode ser discutido, mas é um aspecto eclesiológico sobre o qual os católicos fundam a questão da autoridade. Não queremos aqui defender e nem atacar, apenas constatar. Portanto, os cristãos católicos crêem que o papa tenha autoridade, como vigário de Cristo, de afirmar que uma determinada pessoa é modelo para toda a igreja. Portanto, na mentalidade católica, trata-se de um juízo feito por alguém que recebeu o mandado de Cristo.

O segundo problema tem a ver com o culto popular aos santos, onde pode acontecer que alguns santos são considerados como semi-deuses e o papel de mediação de Cristo fique distorcido. É uma constatação que pode ser feita em determinadas situações. A teológia católica, porém, não dá razão para essa confusão, pois segundo a sua argumentação, os santos são simplesmente modelos nos quais o cristão pode se espelhar para chegar até Cristo, que é o único mediador. Mas é verdade que nem sempre existe uma explicação deste aspecto e os excessos nem sempre são evitados.

A história das canonizações

Aventuro-me dentro de um ambiente que não conheço e portanto, não quero ser considerado infalível e se o seu interesse nesse assunto for grande, por favor, consulte um texto de algum historiador da igreja.

Hoje os santos são proclamdos tais pelos católicos, depois de um longo processo, durante o qual são superadas diversas provas e investigações. Antes de serem santos são beatos e antes ainda bem-aventurados. Finalmente são proclamados santos pelo papa. Isso acontece desde a idade média, por volta dos anos 1300. Antes, porém, os santos eram pessoas com valor apenas a nível regional. Era o bispo de cada diocese a estabelecer a santidade e o conseqüente culto na respectiva região geográfica. Se uma diocese celebrava a memória de uma pessoa, não significava que outras dioceses o fizessem.
Antes ainda, no início da igreja, não existia uma canonização propriamente dita. O martírio era a confirmação da santidade de uma pessoa e, portanto, os primeiros santos foram os primeiros mártires, que são chamados também de proto-mártires - Normalmente se diz que Santo Estêvão foi o primeiro mártire da igreja. Alguém que era martirizado recebia a graça da memória dos fiéis. Foi somente em seguida que o título de santo passou a outras pessoas.

Hoje em dia o processo de beatificação na igreja católica é muito seletivo e implica em alguém que conduza as investigações necessárias e leve adiante todo o iter burocrático no Vaticano. Com certeza, pelo mundo afora, existem milhões de pessoas que levaram uma vida exemplar e que, porém, por falta de alguém que protagonize o processo, nunca alcançarão o título de santo. Isso pode ser uma elemento que faça refletir sobre o processo de santificação. Além disso, juntamente com o culto, deve existir uma constante orientação, da parte dos pastores, sobre o papel que tem o culto aos santos, que nunca pode ser confundido com o culto a Deus.