Olá Regina Veloso.
A Tradição Javista e a Sacerdotal, que apresentam características próprias, é a forma de identificar os diferentes grupos de redatores que aparecem no Primeiro Testamento principalmente no Pentateuco, o grupo de livros constituídos pelo Gn, Ex, Lv, Nm e Dt.
A tradição javista (J) é caracterizada pelo uso do nome (Iahweh) Javé para Deus. Assim como outra tradição a eloísta (E) é caracterizada pelo uso do nome Elohim para Deus. Essa forma de nominar Deus aparece nos textos em hebraico, da Bíblia Hebraica Stuttgartensia, mas quando foram traduzidos para o português, na maioria das versões, encontramos apenas Senhor ou Deus. Compare no texto hebraico de Gn1,1 aparece: No princípio Elohim criou os céus e a terra”. Na tradução Almeida: “No princípio, Deus criou os céus e a terra” (Gn1,1).
No texto em hebraico de Gn 1,1-2,4 Deus é nominado de Elohim, e na sequência em Gn 2,5-18, Deus é nominado e (Iahweh) Javé.
Compare a tradução para o português da Bíblia versão Almeida de Gn 2,7: em que Deus agora é nominado SENHOR DEUS; (como aparece na maioria das versões em português) e na tradução da Bíblia de Jerusalém temos: ”Então Iahweh (Javé) Deus modelou o homem com a argila do solo, insuflou em suas narinas um hálito de vida e o homem se tornou um ser vivente” (Gn 2,7) . Essa tradução manté o nome, Javé, que está no original hebraico. Foram essas diferenças, a partir do texto hebraico, na forma de nominar Deus, que levaram os estudiosos a perceberam a existência de grupos diferentes na redação final de muitos textos do livro do Gn, Ex, Nm e Dt e por consequência do Pentateuco.
A tradição Javista e Eloísta são coleções que foram compostas e transmitidas oralmente e só muito tempo depois, provavelmente, na época da monarquia de Davi e Salomão é que foram escritas.
A tradição Javista apresenta a história do Paraíso e da queda dos Seres Humanos, o dilúvio, Noé e a vinha, a torre de Babel, a vocação de Abraão e sua viagem a Hebron, e a consciência nacional de Israel que se originou a partir das vitórias de Davi e da prosperidade do seu reinado.
Alguns textos da tradição Javista: Gn 2, 4b – 4, 26; 5,29; 6,1-8; 9,18-27; 10,8-19,25-30; 12; 21,1-7; Ex 11,4-8; 12,21-27; Nm 10,29-32.
A Tradição Sacerdotal (P) caracteriza-se nos escritos pela sua origem a partir de grupos com interesses sacerdotais e legalistas, principalmente do pós-exílio. Ela é identificada pela letra P, que vem da palavra alemã: Priester que significa Sacerdote. Segundo os estudiosos do tema essa tradição foi composta a partir do séc. V antes de Cristo, período do pós-exílio da Babilônia e entra em muitos pormenores a respeito do sacerdócio, sacrifício, festas e culto. Também faz uma descrição minuciosa do tabernáculo e do seu mobiliário, e uma centralização da vida do povo do antigo Israel e do culto em torno do Templo de Jerusalém. Apresenta Moisés mais como um legislador do que um Profeta Libertador.
Alguns textos da Tradição sacerdotal: Gn 1,1-2,4a; 5,1-28; 6,5-9; 13,6.11ss; 16,1.3.15s; 17; 21,3-5; Ex 1,1-5.7.13s; 2,23-25; 6,2-30; 7,1-13,19s; todo o livro do Levítico; Nm 1 -10;15; Dt 32,48-52; 54,1.
