A pergunta era mais elaborada e para respeitar o nosso leitor, transcrevo-a aqui abaixo integralmente:

Quero saber: Adão e Eva foram as primeiras pessoas a serem criados. Deus deixou que eles tivessem dois filhos, Caim e Abel. Se Deus, criou esses primeiros habitantes. Como então sendo o primeiros habitantes de uma descendência de Adão e Eva o seu filho Caim, foi para outra cidade e se casou, se eles era o único de uma descendência criada por Deus até aquele momento em que a bíblia nós relata? Quero saber também se Deus até aquele momento criou somente essa família, como temos hoje, tantas raças de diferentes cores (preto, branco, amarelo etc..).

Há várias perguntas e respostas no site que tratam da criação segundo a Bíblia e convido a ler o que já dissemos. Mas aproveito a oportunidade para repetir as ideias já expostas.

 

A narração bíblica da criação não é histórica

Dando uma resposta direta, precisamos ser objetivos e dizer que a criação, como contada em Gênesis, não é uma narração histórica. Até quando não assumirmos essa perspectiva teremos sempre dificuldades para entender o texto dos primeiros capítulos da Bíblia. E essa afirmação não é dita para evitar os problemas. É exatamente assim: a intenção do autor bíblico não é contar exatamente como as coisas aconteceram no início do mundo, mas o que aconteceu. O que aconteceu, e essa é a mensagem da narração da criação, é que tudo foi criado por Deus. Todavia, como Deus criou, com certeza, não foi como contado na Bíblia. A Bíblia não dá respostas científicas e não exclui as investigações que ela faz. Portanto, em linha de princípio, não há conflito entre a Bíblia e, por exemplo, a teoria da evolução.
É nesse âmbito que temos que buscar respostas às perguntas que você põe.

 

A criação em diversas culturas

Desde sempre a humanidade procura entender o que aconteceu no início. Apesar das diferenças geográficas e culturais, as legendas ou mitos sobre a criação têm alguma coisa em comum. E, na Bíblia, naquilo que tem a ver com o estilo literário, os autores se colocam dentro dessa dinâmica comum à humanidade. Vejamos alguns exemplos.

Os índios Makiritare, que tem sua origem na Venezuela, contam de um deus contente, que tocava, cantava e dançava e, fumando, sonhava criar o ser humano. O primeiro homem e a primeira mulher, contam, estavam dentro de um ovo e sonhavam aquilo que o seu deus sonhava e imaginavam nascer, pois o seu deus era mais forte do que a dúvida e o mistério. E então deus quebrou o ovo e eles nasceram.

Em Yucatan, México, os Maias contam que a criação se deu em 12 dias, cada um tendo sido dedicado a criação de um determinado elemento. Nessa narração mitológica, o último dia foi reservado para a crição do homem . Assim diz sobre o décimo segundo dia: “Foi no décimo segundo dia que fez o vento. Soprou o vento e o chamou espírito, pois não havia morte dentro dele. No último dia molhou a terra e modelou um corpo como o nosso. Assim se lembra no Yucatan”.

Os Fulan, da África, sublinham a questão do ritmo da vida e da morte, pensando numa grande gota de leite (alimento sagrado), que deu origem à primeira centelha de vida. O deus deles primeiro criou 5 elementos e depois, deles, criou o ser humano. O homem era perfeito, mas a partir de um momento começou a ficar orgulhhoso e, então, para que se tornasse humilde foram criados a seca, o sono, as preocupações e, por último, a morte.

A água, escrevia Tales de Mileto 300 anos antes de Cristo, é o princípio de tudo. E, um pouco antes, Homero dizia que o oceano era a “origem dos deuses e do ser humano”. Na mesma direção, a Bíblia conta que, no início, a terra estava vazia, as trevas cobriam o abismo e “um sopro de Deus agitava a superfície das águas”.

Os egípcios diziam que no início existiam somente as aguas, o deus NUM. Delas apareceu uma colina, que foi o centro do mundo. O hieroglifo, usado pelos egípcios para representar a água é uma forma aspiral (/\/\/\/\/\). Essa mesma forma evoca a imagem do nascimento.
Tambem um mito hindu conta que no princípio existiam somente as águas e que o deus Vishnu pairava sobre sua superfície. Esse deus desejou ter amigos e então do seu embigo nasceu uma planta de flores e das pétalas dessa flor nasceram os homens.

 

A criação na Mesopotâmia

O mito da criação dessa região é presente na obra conhecida com o nome de Enûma Elish (“quando no alto”). É um poema que conta como aconteceu a criação e as peripécias do deus Marduk. Essa obra era recidada na festa do ano novo na Babilônia e a sua origem é muito antiga, provavelmente escrita por volta de 1200 antes de Cristo.
O mito conta que no início existiam dois deuses, Apsu e Tiamat, que personificavam, respectivamente a água doce e a água salgada. Quando se uniram deram origem a outros deuses, que geraram ainda outros deuses. Os jovens deuses perturbaram o sono de Apsu, que decidiu, por isso, matá-los, mesmo se Tiamat fosse contrária. Um outro deus, Ea/Enki, invés, matou Apsu. Tiamat, braba por causa da morte do marido, decidiu guerrear contra alguns deuses, fazendo aliança com o monstro Kingu. Somente Marduk, filho de Ea/Enki, teve coragem de afrontar Tiamat, colocando a condição de que se tornare rei de todos os deuses. Marduk matou Tiamat com uma flecha. Partiu o corpo de Tiamat em dois pedaços: uma parte deu origem ao céu e a outra à terra. Matou também o monstro Kingu e com o seu sangue, misturado ao barro, foi formado o ser humano, para que servisse os deuses.

 

O que há de especial na Bíblia
Abrindo o horizonte, como fizemos acima, podemos cair num perigo: a bíblia é mera literatura, como outros mitos. Isso não é verdade. A Bíblia é uma narrazione de uma comunidade de fé, escrita através da inspiração do espírito santo. O Deus Único nos criou, está na origem de nossas vidas.
Todavia isso não exclui uma eventual teoria da evolução, que porém não pode prescindir do protagonismo divino. De fato a evolução pressupõe a criação. Poderíamos falar, na perspectiva da evolução, que a criação se prolonga no tempo; estamos numa criação contínua, onde Deus se mostra como o Criador do Céu e da Terra.