O livro apócrifo de Henoc (ou Henoque e Enoque - às vezes encontrados também como Enoch ou Enoc) tem origem a partir do nome do personagem cuja biografia aparece em Gênesis 5,21-24:
Quando Henoc completou 65 anos, gerou Matusalém. Henoc andou com Deus. Depois do nascimento de matusalém, Henoc viveu 300 anos e gerou filhos e filhas. Toda a duração da vida de Henoc voi de 365 anos. Henoc andou com Deus, depois desapareceu, pois Deus o arrebatou.
A tradição que dá tanta importância a essa pessoa deriva de dois fatos importantes citados na passagem acima: 1) Henoc andou com Deus e 2) Deus o arrebatou.
Quando terminou a sua vida Deus o "tomou consigo". Usa-se o verbo hebraico 'laqah', o mesmo usado para descrever a subida de Elias para os céus no carro de foto (2Reis 2,11). Trata-se de um ser assunto na comunhão plena com Deus. Esse é o destino do homem justo, que durante a vida caminha intimamente com o seu Senhor. É por isso que Henor entra na tradição bíblica posterior como um emblema para todo so fiéis. Assim escreve Sirácide (Eclesiástico) 44,16; 49,14: Henoc agradou ao Senhor e foi arrebatado, exemplo de conversão para as gerações. Ninguém sobre a terra foi criado igual a Henoc, ele que foi arrebatado da terra. Lucas o insere na sua genealogia de Jesus (3,37) e a Carta aos Hebreus 11,5 lembra a sua fé exemplar: Foi pela fé que Henoc foi arrebatado, a fim de escapar da morte; e não o encontraram, porque Deus o arrebatou. Antes de ser arrebatado, porém, recebeu o testemunho de que foi agradável a Deus.
A fama de Enoch
A fama de Enoch se propadou tanto no judaísmo que com o seu pseudonimo apareceu o mais importante entre os textos apócrifo do Antigo Testamento, conhecido como Livros de Henoc, que chegaram até nós, um em versão etíope e outro numa tradução eslava.
Antes de tratar desses livros e entrar na questão que você põe, é importante lembrar que na Carta de Judas nos versículos 14 e 15, aparece citado a versão etíope do livro de Henoc: Profetizou Henoc, o sétimo dos partriarcasa a contar de Adão, dizendo: "Eis que o Senhor veio com as suas milícias exercere o julgamento sobre todos os homens e argüir todos os ímpios de todas as obras de impiedade que praticaram e de todas as plavras duras que proferiram contra ele os pecadores ímpios."
Os livros de Henoc
Existem, na verdade, 3 livros chamados de Henoc.
- Henoc Etíope, chamado normalmente como Livro de Henoch.
- Henoc Eslavo, também conhecido como Apocalipse de Henoc ou Segredos de Henoc
- Apocalipse Hebraica de Henoc
Henoc Etíope
É chamado assim porque chegou até nós em língua etíope (na verdade uma antiga língua da Etiopia, chamada ge'ez). A primeira parte, dos capítulos 1 até 36 é chamada Livro dos Vigilantes. A segunda parte (capítulos 37-71) é conhecida como Livro das Parábolas. A terceira, dos capítulos 72 a 82 é chamada de Livro da Astronomia. A quarta parte, chamada de Livro dos Sonhos, é composta pelos capítulos 83-90. E finalmente, a quinta parte (91 - 104) é chamada de Carta de Henoc. Os capítulos 105-108 formam a conclusão e, às vezes, são ditos Apocalipse de Noé.
O Livro de Henoc e o Cânon Bíblico
O livro não aparece nem na lista dos livros considerados inspirados pela Bíblia Hebraica e nem pela Bíblica Cristã. Embora apareça, como vimos, citado no Novo Testamento e em vários padres da Igreja, o livro não foi considerado inspirado pelo Espírito Santo. Fragmentos desse texto foram encontrados nas grutas de Qumran, mas quando os judeus definiram o próprio cânon não incluiram na lista. Os cristãos, cujo cânon se baseia na Setenta (Tradução grega do Antigo Testamento) - para os católicos, ou no cânon hebraico - para os protestantes - não considerarm o livro como canônico porque não está presente nem na Setenta nem na lista da Bíblia Hebraica.
A Igreja cristã Etíope, invés, considera esse livro inspirato e ele se encontra na sua bíblia.
Veracidade do Livro de Henoc
Como você pode ler, através do link indicado acima, o conteúdo do livro é muito complexo. A primeira parte fala de anjos infiéis e de viagens que Henoc realiza no céu, com os arcanjos e outros personagens. A segunda parte fala sobretudo do juízo, sobretudo contra os ímpios e os reis da terra. A terceira parte fala do calendário que parece ser o mesmo presente na comunidade de Qumran, onde foram descobertos os escritos do Mar Morto. A 4 parte, são contos de Henoc a Matusalém sobre seus sonhos. E, para concluir, Henoc anuncia o castigo para os pecadores e exorta os justos.
É difícil julgar a veracidade do livro, mesmo porque ele, com certeza, não pretende ser histórico. Para nós cristãos a decisão foi tomada pelos nossos padres quando definiram o cânon, a lista de livros considerados inspirados. Apesar disso o livro é muito importante, não só pelo fato de ter sido escrito antes de Cristo, mas também pelo conteúdo. Por isso, estudá-lo é sempre recomendado.