Olá Isabel Vieira Sales de Salvador!
O texto que se refere à pergunta se estende de Mateus 17,24-27. Surge a questão da interpretação e da compreensão do imposto. Podemos dizer que aparece a cobrança do imposto interno, “didracma” que é pago ao Templo, e o imposto que é determinado pelos dominadores estrangeiros. A pergunta de Jesus é dirigida a Pedro e fala do segundo imposto. Vamos comentar a questão do imposto ao Templo e seguimos com a resposta a pergunta feita.
O imposto ao Templo:
A dúvida é sobre pagamento do “didracma” de Jesus estabelecida na pergunta dos cobradores deste imposto aos discípulos de Jesus. Sabemos que o Templo de Jerusalém tornara-se centro de todos os poderes (político, religioso, econômico e social). Ali estava localizado o tesouro Nacional por ser o lugar mais seguro, inclusive com presença de milícias e soldados romanos, era uma espécie de Banco Central. Das pessoas que exerciam serviços no Templo muitos eram isentos dos impostos, isto acontecia com os sacerdotes, rabinos e muitos outros que tinham funções e serviços. Na pergunta dos cobradores de Imposto eles querem saber se Jesus, chamado de Mestre, gozava deste privilégio da isenção.
Pedro com medo que o Poder visse em Jesus um possível inimigo e contestador do imposto ao Templo, alguém que pensava contrário, respondeu de imediato aos cobradores de impostos do Templo, que o Mestre pagava imposto.
Mas isto não é confirmado porque Jesus pagava este imposto e mesmo assim rompeu com o sistema do Templo, que era um sistema e opressão aos pequenos e pobres.
A conversa de Jesus com Pedro.
Esta conversa é provocadora e refere-se a outro imposto, o cobrado pelos reis. Este imposto os dominadores estrangeiros impunham aos povos vencidos, aos estrangeiros. Aparece uma segunda rejeição de Jesus. Ele rejeita o modo que esta cobrança era feita. Ele denuncia a exploração estrangeira aos trabalhadores de sua terra, com consequente empobrecimento e miséria.
Alguns estudiosos da Biblia interpretam esta passagem em que aparece a pergunta de Jesus a Pedro: “De quem os Reis da terra recebem impostos, dos Filhos ou dos estrangeiros?”. (Mateus 17,25) deste modo, Jesus quer mostrar a liberdade que possui em relação ao Poder constituído, o Filho está submisso somente ao Pai e a ninguém mais, e sendo Filho de Deus, não precisa pagar nenhum tipo de imposto ou tributo, pois Deus nos ama gratuitamente e nada nos impõe. A palavra filhos no versículo 25 se refere a súditos, mas Jesus faz um trocadilho falando dele mesmo como filho de Deus e dos discípulos, filhos do mesmo Pai.
O episódio se completa com a bela saída de Jesus: Ele mostra que tudo é submisso ao Pai e diz para o apóstolo Pedro para ir pescar, e o primeiro peixe fisgado terá na boca uma moeda para pagar o imposto dos dois.
Jesus abre uma nova perspectiva, através do seu gesto, pagando o imposto, entretanto diz que no futuro serão diferentes, os povos estarão libertos da exploração e da opressão militar, e cada povo encontrará seu rumo e percorrerá um caminho próprio construindo a história.
O fato anterior em que o dinheiro para pagar o imposto aparece na boca do peixe, quer dizer-nos: Deus, já no momento esta pronto para atender as nossas necessidades. Não quer que vivamos no abandono e na necessidade.