Prezada Lília, com certeza muitos se identificam com a sua pergunta. Mesmo sem resposta, já foi visitada por mais de 70 pessoas. Tratamos deste tema já em outras respostas (veja), mas não posso lhe deixar sem uma palavra, pois entendo que é uma situação muito delicada e vital.
Na religião dos judeus, da qual nasce o cristianismo, havia, no tempo de Cristo, uma grande discussão sobre a possibilidade de separação e novo casamento. Existia uma corrente que o consentia, em certos casos, e outra que não era absolutamente de acordo. Essa discussão é muito importante pois "obrigou"Jesus a tomar uma posição que é evidente no Novo Testamento: para Cristo o matrimônio é indissolúvel e dura toda a vida. Isso pode ser visto em diversas passagens, mas sobretudo em Mateus 19,3-9. Esse texto parece deixar uma possibilidade de divórcio e novo casamento, quando no matrimônio existe "fornicação", que é a tradução da palavra grega ëporneiaû. Os exegetas defendem que ëporneiaû não é ëtraiçãoû, como alguns retêm, mas sim prostituição ou, quem sabe, incesto. É importante notar que, olhando as demais passagens bíblicas que falam do matrimônio (Marcos 10,11s; Lucas 16,18 e 1Coríntios 7,10s), essa excessão não é admitida e, portanto, aparece unicamente na comunidade de Mateus. Por isso ela deve ser relativizada e estudada em um contexto histórico particular.
Resumindo, Lília, a mensagem do Novo Testamento é clara: o matrimônio é indissolúvel e dura toda a vida.
Como exegeta, a minha resposta devia parar aqui e o que digo em seguida é, por isso, simplesmente um parecer pessoal.
Ninguém pode pedir a duas pessoas que se odeiam, por qualquer razão, para viverem juntas o resto de suas vidas. Um pastor ou padre poderia acentuar a culpa desse casal dizendo que erraram, não alimentando o amor, relativizando os próprios comportamentos. Isso, porém, não resolve a situação, embora seja fundamentalmente correto. O que fazer? A Igreja católica não condena e nem afasta dos sacramentos as pessoas que se separam, mas sim aquelas que, separadas, casam-se novamente. A disciplina muda dentro de cada igreja. Se você frenqüenta uma igreja em particular, converse com o próprio responsável. Participar de uma comunidade significa condividir com ela as próprias questões vitais. Da parte dos responsáveis das igrejas, é fundamental criar espaços para escutar casos como o seu.
Casei-me sem conhecer a Deus. Dpois de casada me converti. Minha relação com meu esposo começou a ficar conturbada (descobri que me traía). Sofri muito. A situação ficou insuportável e nem nos falávamos mais. Há 4 anos me divorciei. Esperei por ele depois de separada. Desisti. Hoje busco, em Deus, um homem. Estou certa?