Assim recita Isaías 10,17:
A luz de Israel se transformará em fogo, e o seu Santo se tornará uma chama.
Acredito que possamos falar de uma linguagem literal e outra profética, para essa passagem.
Para entender a linguagem literal é fundamental entender o contexto em que o versículo aparece. A partir de Isaias 10,5, o profeta começa a falar contra o rei da Assíria, império que dominava a região do atual Iraque até que a Babilônia, com Hamurabi em 612 antes de Cristo, o conquistasse. Foi esse império, famoso pelas suas atrocidades, que destruiu o Reino do Norte, a Samaria. Para Isaías, esse império - e, mais tarde, também Babilônia - é instrumento de Deus para punir a infidelidade do povo de Israel (veja Isaías 6,1-13). Ao mesmo tempo, o governo de Israel e Judá não perdiam tempo e tentavam todo tipo de alianças com os governos estrangeiros. Isaías, invés, queria que o povo confiasse unicamente em Yahweh, pois o povo escolhido é Israel e não os reinos estrangeiros. É nesse sentido que a riqueza e o poder da Assíria tem, no dizer do profeta, as horas contadas, pois o Senhor transformará o seu povo, Israel, em fogo, que destruirá seja a fama da Assíria que toda sua riqueza. O artífice de tudo isso é o Santo de Israel, que se torna uma chama.
Santo de Israel é o Senhor. Isso é evidente para Isaías já do momento da sua vocação, quando o Senhor é chamado Santo por 3 vezes (Isaías 6,3). Mas veja também em 37,21-23, onde em relação ao rei da Assíria, Deus é chamado de Santo de Isarel.
Profeticamente falando, o rei da Assíria é um instrumento nas mãos do Senhor, para conduzir o povo eleito para a justa estrada. E isso Isaías deixa claro quando chama a atenção do rei dizendo:
Eu conheço teu levantar e o teu sentar, teu sair e teu entrar. Visto que te enfureceste contra mim e na tua insolência subiu até os meus ouvidos, porei a minha argola nas tuas narinas e meu freio nos teus lábios, e te farei retornar pelo caminho pelo qual vieste (Isaías 37,28-29).