Quando se lê esta passagem bíblica algumas pessoas têm certa dificuldade de compreensão, pois acreditam que apenas as crianças em sentido strictu, que possuíram o reino de Deus. È mencionado inclusive que Jesus fica indignado com a ação dos discípulos.
Quando Jesus afirma ser ele o Caminho, a verdade e a vida, não o fez em intuitu personae, mas, em relação direta e absoluta a mensagem da qual ele era portador por delegação de Deus. A densidade e eternidade do evangelho desafiam inclusive hodiernamente, um número incontável de pessoas, pois ultrapassa, ultrapassará e ultrapassou no contexto em que foi primeiramente professado, os paradigmas da ética e espiritualidade até então conhecidos pela humanidade.
Ao pedir Jesus que as crianças se aproximassem dele, esta ação alberga uma amplitude de significados. Em um primeiro momento, poderíamos dizer que as crianças simbolizam as pessoas de pouca ou nenhuma fé, que ainda precisam de alimento sólido para prosseguir na busca da emancipação dos desejos mais elevados.
Continuando nesta seara, podemos dizer também que as nossas crianças precisam do alimento espiritual tanto quanto o do corpo; é preciso que os pais sejam os primeiros a darem o exemplo da busca pelo aprendizado da boa nova não apenas em questões teóricas, mas, sobretudo, na prática diária para que elas não interiorizem atitudes de egoísmo e torpeza; uma vez que é no lar, ou melhor, deveria ser no lar evangelizado, o locus que proporcionaria à criança a consciência cristã de fato.
A boa nova é, sem contradita, o mais poderoso elo de ligação espiritual uma vez que tenta alavancar as bases da fé extirpando o orgulho do ego humano; os já conhecidos milagres de conversão, se observados na integra, presam por uma mudança nas estruturas internas abrindo à mente e o corpo a mensagem de Jesus.
Quando entendermos que a caridade nos conduzirá ao encontro pessoal com Deus haverá automaticamente uma mudança na humanidade que não mais se medira por conceitos efêmeros que têm como base posturas que elevam o ter acima do ser. Não se pode seguir com objetividade a Jesus e não entender este princípio. Não se pode afirmar que se é filho de Deus, se nas ações não existe nada de familiar que mostre a pertença a este plano de percepção.