Apenas parte da sua pergunta pode ser respondida de forma objetiva. De fato existem dois personagens bíblicos que segundo a tradição não morreram, mas se foram para o céu ou para o inferno, se esperam por julgamento não é absolutamente mencionado na Bíblia. Os dois personagens são Elias e Enoc.

A história do profeta Elias é contada em 1Reis 17-21 e 2Reis 1-2. Elias profetizou durante o reinado de Acab, que o quadro cronológico bíblico coloca entre os anos 874 e 853 antes de Cristo. A narração bíblica conta que Elias desafiou e derrotou os profetas do deus Baal sobre o Monte Carmelo, onde demonstrou a potência de Deus acendendo a lenha verde e molhada. Depois disso, junto ao rio Kison, degolou todos os 450 sacerdotes de Baal (1Reis 18). Então fugiu para o Monte Sinai, onde recebeu alimento de um anjo e falou com Deus. 1Reis 1,11 conta: E aconteceu que, enquanto andavam e conversavam (Elias e Eliseu), eis que um carro de fogo e cavalos de fogo os separaram um do outro, e Elias subiu ao céu no turbilhão.

O outro personagem é Enoc, muito menos conhecido, que na literatura apocalíptica tem um valor muito grande. É o pai de Matusalém, conforme Gênesis 5,18. Era um homem de vida santa e tinha orgulho de sua íntima relação com YHWH (Gênesis 5,22). Durante toda a sua vida caminhou com Deus. Em Gênesis 5,24 conta que ele desapareceu, pois Deus o arrebatou. A sua vida é também lembrada em Salmos 49,15 e 73,24.

Provavelmente por causa do desaparecimento misterioso, tornou-se uma grande figura da tradição judaica, que aponta a sua piedade como exemplo (Eclesiástico 44,16; 49,14) e também atribui a ele livros apócrifos, como se pode deduzir também da carta de Judas 14-15: A respeito deles profetizou Henoc, o sétimo dos patriarcas a contar de Adão, quando disse: "Eis que o Senhor veio com as suas santas milícias exercer o julgamento sobre todos os homens e argüir todos os ímpios de todas as obras de impiedade que praticaram e de todas as palavras duras que proferiram contra ele os pecadores ímpios. Esse texto é uma citação do livro apócrifo de Enoc.

A história de Enoc tem um papel importante na criação no povo judeu da esperança na vida junto a Deus, depois da morte. De fato em Sabedoria 4,10-14 ele é lembrado como exemplo da esperança do justo na vida eterna.

Na tradição judaica, presente, sobretudo no livro apócrifo de Enoc, são enaltecidas as suas qualidades científicas, adquiridas durante as suas viagens celestes, guiado pelos anjos. A isso se acrescentam conhecimentos astronômicos, cosmográficos, meteorológicos e do calendário solar, como aquele usado em Qumran.

É também a tradição judaica e ligar Enoc com Elias. De fato alguns escritos apócrifos esperam a sua volta, junto com Elias, antes do fim do mundo.

Os apócrifos atribuídos a Enoc normalmente são chamados 1Enoch, 2Enoch e 3Enoch. O primeiro livro, o mais original, é dividido em 5 partes: introdução, livro dos vigilantes, livro dos astros celestes, livro das parábolas e apocalipse das semanas, além da conclusão. A parte inerente às parábolas é muito importante para entender a figura do Filho do Homem.
2 Enoc é uma obra cristã e normalmente é chamado de Enoc Eslavo. O 3Enoch é de datação incerta e é chamado também Enoc hebraico. Veja os links aos textos de alguns apócrifos presentes no nosso site