Naina, a sua pergunta é muito importante. Sendo importante, tem uma resposta complexa.

Primeiro de tudo, lembremos que a Bíblia é formada por diversos livros (73 para os católicos, 66 para os protestantes). Embora existe um fio condutor que liga todos esses livros, ou seja a revelação da Palavra de Deus, cada obra é, em si, uma obra literária e tem o seu próprio estilo. Por isso, com referência à sua pergunta, não existe uma resposta igual para todos os livros bíblicos. Por exemplo, se você toma o livro de Jonas, 4 capítulos que contam a história de um profeta que não queria obedecer o chamado de Deus para converter o povo da cidade de Nínive e por isso foi jogado ao mar e, engolido por um peixe, foi parar naquela cidade, pode ter certeza que é uma "linguagem figurativa", isto é, não se trata de uma história literal, historicamente acontecida. É uma história inventada que quer transmitir um ensinamento. A mesma coisa podemos dizer das parábolas existentes nos evangelhos: o bom samaritano, o jovem rico, o administrador infiel, a parábola dos talentos, etc. Todos estes textos têm um sentido figurativo e o que querem transmitir transcende às próprias palavras da narração. Nesses casos conta a mensagem e não tanto a história; ela é um veículo para algo mais profundo.

Há também textos bíblicos que são simbólicos e quando os lemos não devemos limitar-nos a entender as palavras. Dentro deste grupo poderíamos incluir as visões proféticas e sobretudo o livro do Apocalipse. Para uma leitura eficaz desses textos é fundamental o estudo do contexto do autor e dos destinatários de tal texto. A ignorância desse contexto pode produzir leituras erradas.

Contudo a bíblia é composta também de textos objetivos, que narram um acontecimento. Porém lembre-se sempre que se um acontecimento é narrado não é porque o autor quis simplesmente comunicar o acontecido. Significa, invés, que aquele fato era importante para a comunidade e tem um sentido que, por isso, transcende ao próprio acontecimento histórico.