Uma pergunta muito interessante. Muitos não conhecem a história da Bíblia, dos originais até que ela chegou em nossas mãos, em português. A Bíblia completa foi traduzida para mais de 450 línguas enquanto que partes dela foram traduzidas para mais de 2000 línguas. As primeiras traduções em português são do Século XIII, por volta de 1300, quando o rei Denis I de Portugal (1261-1325) pediu a tradução dos primeiros capítulos do Gênesis. Depois seguiram traduções isoladas de partes da Bíblia. A tradução completa em português chegou apenas em 1681, por João Ferreira de Almeida, publicada na Holanda.
Até a época do renascimento imperava a Vulgata (tradução ou leitura de divulgação popular), a tradução de toda a Bíblia para o latim, feita por Jerônimo, no Século IV. Com a Reforma promovida por Lutero, as traduções em línguas vernáculas ganharam impulso. Muitas dessas traduções, invés de se apoiarem nos textos originais, no hebraico, aramaico e grego, se baseavam na tradução latina de Jerônimo. Isso aconteceu até bem pouco tempo. Hoje invés existe uma grande ciência e cada tradução é feita com muito trabalho e, normalmente, o resultado é muito positivo.
Voltando no tempo, ainda antes de Cristo, já existiam traduções de uma parte que compõe a Bíblia cristã, ou seja, a Bíblia Hebraica, o Antigo Testamento. A primeira parte da Bíblia, como sabemos, foi quase toda escrita em Hebraico, com alguns textos em Aramaico (sobretudo partes de Daniel e Esdras). Nem todos, porém, conheciam essas duas línguas. O problema maior tiveram os judeus que se transferiram para o Egito, onde falavam grego. Muitos queriam uma versão que fosse acessível, disponível na língua que usavam no quotidiano. Essa situação se verificou por volta de 200 anos antes de Cristo e a cidade central, no Egito, é Alexandria. Foi nesse contexto que nasceu a LXX (Setenta), também chamada de Septuaginta (saiba mais). Esse nome é devido à tradição que conta que 70 anciões foram enviados de Israel para traduzir o texto hebraico do Antigo Testamento em grego.
É importante notar que nessa versão grega estão incluídos os livros cujo originais eram em grego e que, hoje, não aparecem nas bíblias protestantes (Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc, 1 e 2 Macabeus - além de partes de Ester e Daniel).
É importante citar também o Targum (plural targumim). Não é somente uma tradução, mas também comentários e paráfrases da Bíblia Hebraica em aramaico. Essa versão teve um longo período de gestão, mas muitos colocam o início da sua composição já no período do Exílio na Babilônia, quando os judeus esqueceram o hebraico e começaram a falar exclusivamente o aramaico, língua que também falava Jesus.