Olá Rodrigo Leiva , de Cuiabá,
A sua dúvida também é a de muitas outras pessoas quando lêem os textos citados (Gn 1,27 e Gn 2,18). Podemos iniciar a partir das diferentes tradições, ou grupos que estão por trás dos diversos textos bíblicos. O texto de Gn 1,1 – 2,4a é atribuído à tradição Sacerdotal e provavelmente teve sua redação na época do Exílio da Babilônia. E o texto de Gn 2,4b-25 é atribuído à tradição Javista e a época mais provável da sua redação e a do reinado de Salomão. Assim os redatores finais da Bíblia ao recolherem os relatos, levaram em consideração as diversas tradições que existiam e, por isso, temos uma repetição do modo da criação do mundo e dos seres humanos. Veja que em Gn 2,5 diz que não havia nenhuma planta do campo na terra e nenhuma erva do campo havia brotado, mas em Gn 1,11, relata que Deus disse: “Produza a terra relva, ervas que dêem semente e árvores frutíferas que dêem fruto segundo a sua espécie, cuja semente esteja nele, sobre a terra. E assim se fez”. Temos uma dupla descrição da criação das ervas e árvores com seus frutos e sementes em Gn 1,11 e Gn 2,5, como em Gn 1,27 e Gn 2,18, há uma dupla descrição da criação dos seres humanos.
O texto de Gn 2,4b-25 é independente do que aparece anteriormente na Bíblia, o de Gn 1,1-4a. Por isso, em Gn 2,18, para o grupo que o registrou, surge a constatação de que não é bom que o homem esteja só. Embora, segundo outra tradição, que dá origem a Gn 1,27 acontece a criação do seres humanos por Deus, em um único momento: “Criou Deus, pois o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou, homem e mulher os criou”. São grupos independentes, em épocas diferentes que descrevem como entenderam a criação do mundo e dos seres humanos, por Deus.
Essas tradições, embora com diferenças, foram respeitadas, preservadas e colocadas na Bíblia, mesmo que entre elas não houvesse uma continuação coerente. O importante é que esses grupos sentiram a força criadora de Deus em suas vidas e a descreveram para que ela ficasse conhecida por todos.