É uma pergunta cheia de polêmica. Responder significa correr o risco de provocar uma discussão apaixonada, tendenciosa e que acirra o conflito. Por respeito ao seu interesse, tento dar algumas pistas para ulterior reflexão, sobretudo do ponto de vista bíblico. Certamente, se você tem a intenção de saber se a Igreja Católica nasceu antes daquela Protestante, não vai ficar contente, pois creio que uma proposta de reflexão não pode se limitar em dar uma resposta assim categórica. Eu parto do princípio anunciado em João 17, na oração que Jesus faz. No versículos 20-21 Ele diz: "rogo pelos que crerão em mim: a fim de que todos sejam um". Gostaria, portanto, de promover a restauração da unidade dos cristãos, pois a primeira igreja foi aquela criada por Cristo, unida, expressão da unidade existente entre o Pai e o Filho.
Todavia, sabemos, como lembra o último Concílio, que "são numerosas as Comunhões cristãs que se apresentam aos homens como a verdadeira herança de Jesus Cristo. Todos, na verdade, se professam discípulos do Senhor, mas têm pareceres diversos e caminham por rumos diferentes, como se o próprio Cristo estivesse dividido. Esta divisão, porém, contradiz abertamente a vontade de Cristo, e é escândalo para o mundo, como também prejudica a santíssima causa da pregação do Evangelho a toda a criatura" (Unitatis Redintegratio 1).
Na oração de Jesus lembrada acima (João 17), parece que Jesus já tem consciência que, no futuro da Igreja, existiria divisões. De fato, já desde os primórdios surgiram algumas cisões (veja 1Coríntios 11,18-19; Gálatas 1,6-9; 1 João 2,18-19.) que Paulo censura asperamente como condenáveis. É clássica a passagem em 1Coríntios 1,11-13:
Com efeito, meus irmãos, pessoas da casa de Cloé me informaram de que existem rixas entre vós. Explico-me: cada um de vós diz: "eu sou de Paulo!", ou "Eu sou de Apolo!", ou "Eu sou de Cefas!", ou "Eu sou de Cristo!" Cristo estaria assim dividido? Paulo teria sido crucificado em vosso favor? Ou fostes batizados em nome de Paulo?
Nos séculos posteriores, porém, originaram-se dissensões mais amplas. Comunidades não pequenas separaram-se da plena comunhão da Igreja, algumas vezes não sem culpa dos homens dum e doutro lado. Aqueles, porém, que agora nascem em tais comunidades e são instruídos na fé de Cristo, não podem ser acusados do pecado da separação.
Nós cristãos, justificados no batismo pela fé, somos todos incorporados a Cristo e, então temos o direito de sermos honrados como cristãos e reconhecidos como irmãos no Senhor.
Do meu ponto de vista todos aqueles que acreditam nesse princípio estão no bom caminho. O caminhar juntos não supõe unidade de pensamento. O Ecumenismo não obrigada que todos pensem do mesmo modo, mas que estejam dispostos a escutar e abandonar a presunção de ser a igreja original. Enquanto estivermos desunidos a primeira igreja, fundada por Cristo, não existe mais, pois ela foi criada para ser "una", como são um o Pai e o Filho e o Espírito Santo.