Essa sua interrogação provavelmente nos conduz a Pedro, que é  recriminado por Jesus, logo após ao anúncio da Paixão. Como nos contam Mateus (16,21-23) e Marcos (8,31-33), Jesus anuncia aos discípulos que sofrerá muito, será morto e depois ressuscitará. Pedro, que nos versículos anteriores havia professado a su a fé em Jesus como o Messias, chama Jesus de lado e o recrimina, por falar daquele modo. É então que Jesus lhe diz:

Arreda-te de mim, Satanás, porque não pensas as coisas de Deus, mas as dos homens.

É necessário prestar atenção e não pensar que em Pedro existe a figura do demônio. Essa passagem mostra que os discípulos, mesmo tenho acolhido a natureza divina de Jesus (Pedro havia dito pouco antes a Jesus: "Tu és o Messias"), não estavam preparados para o mistério da paixão, que Jesus acabava de anunciar. A palavra usada aqui é "Satanás", que tem a conotação de "adversário". A frase dita a Pedro é a mesma que Jesus diz ao diabo, durante as tentações, quando o Satanás quer que Jesus se torne um rei, oferecendo a ele todos os reinos do mundo (Mateus 4,8-10).

Pensar num messias que seja o salvador político do povo, um rei terreno é ser adversário do plano divino, que nos proporciona a salvação através do seu servo, que se entrega na cruz pelos nossos pecados. Toda vez que também nós não aceitamos esse caminho de Cristo, nos transformamos em "satanás" e somos recriminados, como foi Pedro.