Prezada Mara, existem diversas hipóteses que tentam dar uma razão ao uso do plural nesse versículo de Gênesis. O Texto completo diz: Deus disse: "Façamos o homem à nossa imagem, como nossa semelhança, e que eles dominem sobre os peixes do mar, as aves do céu, os animais domésticos, todas as feras e todos os répteis que rastejam sobre a terra" (Gênesis 1,26).

As teorias mais conhecidas são as seguintes:
1. Plural majestático: é o emprego da 1ª pessoa do plural no lugar da 1ª pessoa do singular. Significa dizer "(Nós) queremos manifestar nossa satisfação" em vez de "(Eu) quero manifestar minha satisfação". Os antigos reis de Portugal adotaram a fórmula "Nós, el-rei, fazemos saber..." procurando, num estilo de modéstia, diminuir a distância que os separava do povo.

2. O texto do primeiro capítulo da Bíblia usa "Elohim" para "Deus". Essa palavra, em hebraico, é um plural. Contudo, na Bíblia, muitas outras vezes aparece esse substantivo para Deus e vem sempre acompanhado por um verbo no singular.

3. Alguns intérpretes julgam que seja um texto profético, que acena à Trinidade, teologia desenvolvida muito depois. Essa leitura está presente não só nos Padres da igreja, mas também nas traduções grega (LXX) e latina (Vulgata) do Salmo 8,6, mais tarde retomada também por Hebreus 2,7.

4. Provavelmente, invés, temos um assim chamado "plural deliberativo", ou seja, quando Deus fala consigo mesmo, ou qualquer outra pessoa, a gramática hebraica parece aconselhar o emprego do plural, como acontece em Gênesis 11,7, na história da Torre de Babel. Deus,naquela ocasião, diz: "Vinde! Desçamos! Confundamos a sua linguagem para que não mais se entendam uns aos outros".