Em hebraico há vários vocábulos usados para aquilo que nós chamamos de "demônio". Ou seja, se em nossas bíblias aparece a voz "demônio" sempre igual, em hebraico, no original bíblico, esse nome muda. Por isso, indicar qual é a primeira ocorrência desse nome significa escolher um dos vocábulos hebraicos. Se pego o vocábulo "sair", que normalmente é traduzido como "demônio" pelas nossas versões e que literalmente significa "peludo", a primeira ocorrência se encontra em Leviticus 17,7:

 

Nunca mais oferecerão os seus sacrifícios aos demônios, com os quais eles se prostituem; isso lhes será por estatuto perpétuo nas suas gerações.

Se invés tomamos o vocábulo hebraico "shed", a primeira testemunhança daparece no quinto livro da Bíblia, em Deuteronômio 32,17, no cântico de Moisés:

sacrificaram a demônios, falsos deuses, a deuses que não haviam conhecido, novos, recentemente chegados, e que vossos pais nunca haviam temido.

As passagens do Antigo Testamento que trazem esses vocábulos, muito poucas, tratam "demônio" como um "outro deus", que o povo, de vez enquanto, servia. A pouca ocorrência dessas passagens mostra que não era um tema de grande interesse para os autores do Antigo Testamento.

No Novo Testamento, invés, é uma palavra muito comum e aqui o termo usato, em grego, que é a língua do Novo Testamento, é "daimonion", um diminuitivo de "daimon". Nos textos do Novo Testamento os "demônios" se referem sempre a seres espirituais que se contrapõem Deus. Belzebu é o príncipe dos demônios.

Uma das acusações principais de Jesus é exatamente de pertencer a uma dessas forças do mal (veja João 7,20; 10,20). Os seus antagonistas, não reconhecendo a origem divina daquilo que Ele fazia, julgavam que Jesus era possuído por um espírito demoníaco.