Ha dois textos bíblicos que nos podem ajudar a entender essa delicada questão: Lucas 10 e 1Coríntios 9.
Lucas 10
Nesse texto Jesus envia em missão os 72 discípulos. A eles o mestre diz para não levar consigo "bolsa, nem alforje, nem sandálias". E ainda acrescente: "Em qualquer cidade em que entrardes e fordes recebidos, comei o que vos servirem".
Esse texto, embora não seja tão direto, pode já dar alguma orientação para começar a criar em nós pontos para uma conclusão. Precisamos saber que no tempo de Cristo existiam outros grupos que, podemos dizer, eram "missionários": João Batista, os fariseus e outros (veja Mateus 23,15; João 1,35; Lucas 11,1; Atos dos Apóstolos 19,3). Os fariseus, por exemplo, quando iam em missão, pensavam que não podiam comer aquilo que o povo dava, pois podia ser impuro, não conforme as regras de pureza. Por isso levavam consigo bolsas com mantenimentos e dinheiro para suprir à própria necessidade. Isso criava distância entre eles e a gente e não ajudava a construir os valores comunitários. A mensagem de Jesus aos 72 quer combater essa tendência.
O exemplo de Paulo - 1 Coríntios
Paulo trata em modo muito direto o problema que você apresenta, na primeira carta que escreve à comunidade de Corinto, na Grécia. Concretamente, parece que Paulo (e Barnabé) eram acusados de "sobreviver" às custas das comunidades. É aí que Paulo, retoricamente faz as seguintes perguntas:
* Somente eu e Barnabé não temos o direito de ser dispensados de trabalhar?
* Quem vai alguma vez à guerra com seus próprios recursos?
* Quem planta uma vinha e não come do seu fruto?
* Quem apascenta um rebalnho e não se alimenta do leite do rebanho?
* Digo isto, baseado apenas em considerações humanas? OU a Lei não diz também a mesma coisa?
* Semeamos em vós os bens espirituais, será excessivo que colhamos os vossos bens materiais?
É evidente que Paulo retém que seja justo que quem prega o Evangelho tenha direito a uma justa recompensa, que lhe ajude a sobreviver.
Todavia é importante continuar lendo o texto paulino, onde vemos que para si mesmo Paulo não aplica esse direito. De fato, ele diz: "Da miha parte, porém, não me vali de nenhum desses direitos. (...) É que pregando o evangelho, o prego gratuitamente, sem usar dos direitos que a pregação do evagelho me confere" (versículo 15). Ou seja, embora seja um direito, Paulo retém que poder pregar o Evangelho sem pedir nada em troca lhe dá um estado de liberdade que representa um previlégio para ele. E tudo isso faz "para não criar obstáculo ao evangelho de Cristo" (versículo 12).