Não há, na Bíblia, uma legislação específica sobre como devem ser a vida da Igreja, sobre a hierarquia, sobre as eleições de papas, bispos, padres ou pastores. Essas figuras nasceram com o desenvolver-se da igreja. É por isso que hoje o papel de cada uma das figuras de cada igreja é muito questionado, pois não há uma indicação bíblica precisa. Por exemplo: uma mulher deve ou não ser padre? Deve ou não ter um papa? Como é a formação de alguém que quer ser o líder de uma comunidade? São todas questões que recebem respostas diferentes, dependendo da confissão a qual você pertence. Para a Igreja Católica, da qual o Papa é o Sumo Pontífice, o que regulamente tal comportamento é o Código de Direito Canônico (dos cânones 331 ao 335), que contempla como possibilidade a demissão do Papa (cânone 332) - Baixe aqui o Direito Canônico em PDF.
Obviamente a questão do papado, nesses dias, com o anúncio da demissão do papa Bento XVI, é muito de moda. Pode-se considerar, em modo polêmico, o papel do papa, que os católicos consideram como sucessor do apóstolo Pedro. Não há dúvidas do protagonismo de Pedro entre os apóstolos. Além das vezes em que ele, entre os apóstolos, se destaca como figura eminente, há o texto de Mateus 16, onde Jesus promete a ele as chaves do Reino dos Céus (Mateus 16,19) e também a missão confiada a ele em João 21: “apascenta minhas ovelhas”. E daí que deriva a convicção de que o papa é o sucessor de Pedro, como guia da igreja, como vigário de Cristo.
O carácter hierárquico da igreja católica, durante muito tempo, foi visto e também usado como uma forma de poder. Depois das reflexões do Concílio Vaticano II, sobretudo a partir da Constituição Dogmática sobre a Igreja Lumen Gentium, o papel fundamental do papa, cardeais, bispos e padres é o de promover a comunhão entre todos os crendentes e inclusive acolher as realidades cristãs existentes fora da própria instituição católica, almejando que todo o cosmo se transforme em Povo de Deus.