Um dia no tempo em que a Bíblia foi escrita tinha a mesma duração dos nossos dias: 24 horas. Essa pergunta provavelmente nasce da tentativa em dar uma explicação às idades avançadas de certos personagens bíblicos presentes na narração do primeiro livro da Bíblia (Gênesis), que viveram antes do dilúvio. Matusalém, por exemplo, teria vivido 969 (Gênesis 5,27).
A questão da idade elevada desses patriarcas não tem nenhuma base real, mas é uma imagem que revela um sentido teológico. Ou seja, os personagens bíblicos com tantos anos viveram como nós. O sentido simbólico é sublinhar como esses personagens, mesmo que fossem os primeiros da humanidade, não são imortais. O autor do Gênesis quis contar uma história muito antiga e na sua perspectiva, os tempos antigos precisavam ser indicados com algo de extraordinário, que, na perspectiva do autor, devia ser diverso das nossas categorias. O elemento escolhido foi a idade.
Outro elemento importante é o fato que a Bíblia ligue a idade avançada com a santidade de vida. Em relação a isso, leia Gênesis 6,1-4, quando Deus reduz a idade dos seres humanos. De fato a longevidade é dom de Deus (Salmos 21,5), que é concedida àqueles que vivem segundo a vontade divinna (Jó 36,11; Provérbios 3,2; 16,31). As promessas divinas ligam o número de anos de vivência com a observância dos mandamentos. Onde Deus encontra a obediência humana a tais promessas, como em Moisés e em Caleb, garante ao homem, apesar dos anos avançados, a conservação das energias físicas (Deuteronômio 34,7; Josué 14,10; Salmos 92,15), enquanto que o juízo de Deus pune a pessoa antes que esta chega à velhice (1Samuel 2,31.32). É por isso que mais tarde, na literatura sapiencial, o fato que os ímpios vivem mais do que os fiéis se torna um motivo de tentação e de escândalo (Jó 21,7.13).