Jeremias foi um dos mais importantes profetas do Antigo Testamento. Como diz a introdução do livro que leva o seu nome, era filho de Helcias e a palavra do Senhor lhe foi dirigida desde os dias de Josias, rei de Judá, até a deportação dos judeus de Jerusalém para a Babilônia (Jeremias 1,1-3). Isso incluiria os anos 626 a 587 antes de Cristo. Portanto Jeremias foi um profeta, um de família sacerdotal, que viveu cerca de 600 anos antes que Cristo nascesse.
Esse contexto histórico é muito importante, pois nos ajuda a interpretar e entender a mensagem de suas palavras. Jeremias viveu o período trágico em que se preparou e consumou a destruição do reino de Judá. Primeiro viveu a reforma do rei Josias, que deu tanta esperança ao povo, mas experimentou também a reviravolta provocada pela expansão do império caldeu, com Nabucodonosor, que impôs seu domínio à Palestina e, no final de muitas intrigras, acaba destruindo Jerusalém (e o Templo!) e deportando os seus habitantes. Jeremias presenciou a deportação, mas ficou em Jerusalém. Por causa de inimizades, teve que fugir par ao Egito e provavelmente foi lá que ele morreu.
Além de ter vivido esse drama político, experimentou também muitos dramas pessoais. Tinha uma lama terna, mas foi enviado por Deus para "arrancar e destruir, para exterminar e demolir (1,10), para predizer sobretudo momentos de desgraça (20,8). Almejava a paz, mas lutou continuamente, seja contra reis que contra o povo (15,10). Sentiu-se torturado pela sua missão, da qual não podia escapar (20,9). A Deus eleva um grito contínuo de dor (15,18), tanto que antecipa Jó: "Maldito o dia em que nasci (20,14).
Todavia, tanta prova purificou a sua alma e a colocou em íntimo contato com Deus, convidando-a a proclamar uma nova aliança (31,31-34).