No capítulo que você cita, Ezequiel é convidado pelo Senhor a propor à casa de Israel um enigma, uma parábola. Nessa parábola fala de duas águias e de uma videira (leia o capítulo 17 de Ezequiel).
História de Israel: Sedecias (a vinha) entre Babilônia (águia 1) e Egito (águia 2)
Uma primeira interpretação desse capítulo precisa ser contextualizada na história de Israel. Ezequiel está falando às vésperas da destruição de Jerusalém e do seu templo, por Nabucodonosor, rei da Babilônia. Antes da destruição definitiva, ele conquistou Jerusalém, deportou o rei Joaquim e outros nobres de Jerusalém para a Babilônia e colocou como governante Sedecias, que era um judeu, filho de Josias, mas que se submeteu ao poder do rei babilonês. Ora, a "casa de Israel" para quem o profeta fala é exatamente o rei Sedecias. Ele é a videira, mencionada na parábola.
A parábola menciona duas águias. São os dois imperadores que pressionam Judá, que intimam Sedecias. O primeiro é o rei Nabucodonos (veio do Líbano, do Oriente). Ele entrou em Jerusalém e "apanhou uma dentre as sementes da terra e a plantou" - a videira, isto é, impossou Sedecias como rei em Jerusalém. Ao lado dessa vinha havia uma outra água, isto é, o Egito. Sedecias foi tentado a seguir as indicações políticas do Egito e rebelar-se contra a Babilônia, que era seu aliado.
Diante dessa situação, nasce a pergunta do profeta: Essa vinha vingará? "Acaso a água não arrancará as suas raízes?
A história conta que em 587 a rebelião estoura, coroando a falta de sucesso do rei. Nabucodonor destroi a cidade de Jerusalém com o seu templo e deporta os judeus para a Babilônia.
Para os profetas (junto com Ezequiel também Jeremias) a falta de confiança em YHWH, o pecado do povo teve como consequência a catastrofe que afligiu Judá, proporcionada pelo rei da Babilônia. Na perspectiva bíblica, é uma punição que visa a purificação.
Para a nossa vida
Para a nossa vida de cristão, diante de tal leitura, poderíamos tirar muitas conclusões. Poderíamos nos questionar, por exemplo, se as alianças e compromissos que fazemos refletem a vontade de Deus ou se seguimos pela nossa estrada independentes da Palavra de Deus.