O nome Lilit (igual a Lility) aparece na Bíblia, uma única vez, em Isaías 34,14. Assim diz o texto:
Os gatos selvagens conviverão aí com as hienas, os sátiros chamarão seus companheiros. Ali descansará Lilit, e achará um pouso para si (texto da Bíblia de Jerusalém).
Trata-se de uma descrição do fim trágico do reino de Edom. E ao descrever como acabará esse povo inimigo de Israel, sublinha que as suas terras serão ocupadas por essa “Lilit”.
No período em que essa passagem foi escrita, Israel sofria muito a influência da Babilônia e lá eles tinham uma deusa chamada Lilitu. Era um tipo de demônio feminino, noturno. Poderíamos compará-lo ao nosso ‘vampiro’. É provável que daí nasça a tradição desse personagem misterioso, citado por Isaías.
Esse nome ganhou ênfase na tradição hebraica, muito recente. Essa tradição diz que Lilith foi a primeira mulher de Adão, ou seja, que os dois teriam vivido no paraíso antes que fosse criada Eva. São tradições que alguns ligam à Kabala, mas não tem nenhuma referência Bíblica. Essa tradição se desenvolve sobretudo a cerca de 1200 anos depois de Cristo e está presente sobretudo num livro chamado Zohar (Livro do explendor), que faz parte da literatura hebraica. Esse escrito sofre influência de palavras dos rabinos presentes no Talmud, outro livro da literatura hebraica, não presente na Bíblia, colocado por escrito vários anos depois de Cristo. Portanto é uma tradição colocada por escrito há pouco tempo, muito mais recente que os textos bíblicos.
Mais tarde a tradição hebraica fala dela como a primeira esposa de Adão, que voou embora para se tornar um demônio, como um monstro legendário que rapitava e matava as crianças recém nascidas ou como um demônio contra quem se recorria à magia para expulsá-lo das casas dos homens para evitar que trouxesse desgraças. Mas repito, isso é algo que nasceu em época muito recente e não tem bases bíblicas.