A circuncisão é uma prática comum ainda hoje, no judaísmo. Normalmente é uma operação realizada no 8 dia depois do nascimento da criança, durante uma celebração chamada "brit milah". Essa prática deriva do texto de Gênesis 17, quando Deus faz a aliança com o Abraão. Especialmente os versículos 11-14 dizem:
11 E circuncidareis a carne do vosso prepúcio; e isto será por sinal da aliança entre mim e vós.
12 O filho de oito dias, pois, será circuncidado, todo o homem nas vossas gerações; o nascido na casa, e o comprado por dinheiro a qualquer estrangeiro, que não for da tua descendência.
13 Com efeito será circuncidado o nascido em tua casa, e o comprado por teu dinheiro; e estará a minha aliança na vossa carne por aliança perpétua.
14 E o homem incircunciso, cuja carne do prepúcio não estiver circuncidada, aquela alma será extirpada do seu povo; quebrou a minha aliança.
Lucas 2,21 diz claramente que Jesus, como judeu, foi circuncidado. Apesar disso a circuncisão foi, já na época dos apóstolos, tida como algo supérfluo para os cristãos. Protagonista dessa discussão foi o apóstolo Paulo, que levou o evangelho para os não-judeus, os gentios. A sua teologia é resumida em 1Coríntios 7,19-20:
A circuncisão nada é, e a incircuncisão nada é. O que vale, é a observância dos mandamentos de Deus. Permaneça cada um na condição em que se encontrava quando foi chamado por Deus.
A questão é muito importante na história do cristianismo. Ela serviu para que se definisse se o cristianismo fosse um ramo do judaísmo ou algo diverso, em descontinuidade com a tradição judaica. Esse tema foi a questão de fundo do assim chamado "Concílio de Jerusalém", cujo resultado é transcrito em Atos dos Apóstolos 15. O debate surgiu a partir de alguns seguidores de Cristo, que antes tinham sido judeus, que pregavam em Antioquia dizendo: "se não vos circuncidardes segundo a norma de Moisés, não podereis salvar-vos". Paulo e Bernabé, que presenciavam o debate, foram até Jerusalém tratar da questão com os apóstolos. Também em Jerusalém, sobretudo cristãos que provinham do ramo dos fariseus, diziam que era necessário ser circuncidado para ser cristão. Após a reunião entre os vários apóstolos e anciãos da igreja nascente, a conclusão, dirigida aos cristãos que não eram em precedência judeus, foi a seguinte:
Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor nenhum outro peso além destas coisas necessárias: que vos abstenhais das carnes imoladas aos ídolos, do sangue, das carnes sufocadas, e das uniões ilegítimas (Atos 15,28).