A nossa visitante introduz assim essa questão:
A Paz do Senhor. Sou cristã há 6 anos. Fui casada, mas hoje estou me separando legalmente. Fui traída várias vezes, mas um dia, sei lá, traí também, mas meu casamento já estava desgastado. DEUS já vinha me falando, em sonhos, e revelando que áa tirar-me da vida dele; foi um casamento sem concetimentos familiares. Casamos por rebeldia da minha parte, por que minha mãe não queria e nem a dele, mas casamos. Mas afinal eu queria saber: será que posso me casar de novo dentro dos princípios de DEUS, lembrando que quando casei nao era cristã?
Da experiência adquirida aqui no site, as relações contraídas antes de uma eventual conversão e que não acabam bem, são muito comuns. Acontece que se pensa que uma vida nova deve coincidir também com a possibilidade de apagar tudo, os erros do passado, e começar novamente, com os novos princípios adquiridos. Mas a vida humana é uma continuidade; não podemos ignorar o nosso passado, a nossa história. Muitas vezes uma queda nos ajuda a levantar, com novo vigor, com consciência renovada, com uma capacidade maior de não voltar a cair. Essa consciência nasce humamente, mas, com a religião, pode ser reforçada, dependendo dos princípios morais dos ensinamentos que se segue. Deus age na história e apagá-la significa, em qualquer modo, não aceitar a ação divina. É por isso, por exemplo, que não podemos eliminar a importância do Antigo Testamento, das histórias estranhas que lemos naqueles textos, que nem sempre entendemos.
Entrando diretamente na questão do seu casamento, como já frisamos aqui no site, a separação não é um princípio cristão e só existe por causa do pecado, da "dureza do coração" (Mateus 19,3-9) dos dois esposos. O fato do casamente ter sido contraído antes da adesão ao cristianismo não anula a sua eficácia e o seu valor. De fato, o casamento é um consenso dado entre duas pessoas, que Deus abençoa. Na igreja católica, por exemplo, o ministro do casamento não é o padre, mas são os próprios noivos. O padre ou outro ministro é apenas uma testemunha do sacramento, que é realizado pelo homem e a mulher.
Todavia, permanecendo estabelecido o princípio afirmado acima, é humanamente impossível viver certas situações e não acredito que ninguém possa exigir a duas pessoas para continuar uma história feita, às vezes, de ódio e infelicidade. É muito melhor separar que ser infeliz o resto da vida. Tenho certeza que também essas pessoas, conscientes do próprio limite e das próprias faltas, são acolhidas por Deus.