A passagem a qual você se refere aparece em Mateus 16: Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens (Mateus 16,23 - veja também Marcos 8).
Assustamo-nos com essa colocação de Jesus por ue somos acostumados a entender Satanás como o demônio, um monstro, o habitante do inferno, que afasta o cristão de Deus. Todavia, na Bíblia, essa figura é menos "divinizada" e é simplesmente "o adversário". De fato, Cristo fala diretamente com o demônio, como se fala com um interlocutor pessoal. Os diálogos de Jesus com ele representam um tipo de batalha contra o mal. O ‘adversário’, de fato, espalha o joio da corupção; tem seguidores entre os quais podem aparecer até mesmo os discípulos de Jesus.
Essa concepção de Satanás como "adversário", "acusador" deriva do Antigo Testamento e contrasta um pouco com o termo "diabo", que em grego significa "aquele que divide", que tem exclusivamente um sentido negativo: é aquele que tenta, que procura com todos os meios separar o homem de Deus. É esse sentido que predomina na nossa concepção. Todavia, originalmente, quando se falava de Satanás não era necessariamente negativo. Isso fica claro se lermos com atenção o livro de Jó. Lá Satanás aparece quase como um ministério público, como uma entidade presente na corte celeste, que tem a função de denunciar os pecados das pessoas.